segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Feliz Natal!!

Então é Natal. Mas já? Parece que foi ontem o Natal de 2006... Me enganei e mais uma vez, reunimos toda a família para comemorar alguma coisa. Seria para comemorar o nascimento de um bebezinho muito especial, mas até aí, muitos nem lembram disso. O Natal passou a ser uma desculpa para encontrarmos parentes com os quais não temos qualquer afinidade mas que precisamos manter contato de alguma forma e trocarmos presentes impessoais e de última hora. Mesmo com essas desavenças e superficialidades natalinas, sempre gostei de Natal. Sempre teve um “quê” a mais. Nesta data comemoro também o meu aniversário ao lado de pessoas importantes para mim. Dou atenção àqueles que me dão essa mesma atenção durante o ano. Pense só: de que adianta fazer juras de amor e fortificar os laços familiares uma vez por ano? Tudo bem, tudo bem. Sei que são raras as exceções. Mas gostaria muito, neste ou no próximo Natal, que nos reuníssemos apenas com as pessoas que nos queiram verdadeiramente bem. Pessoas que se preocupam conosco e que pensam em nós de vez em quando. Pessoas, amigos ou família, que rezem pela nossa proteção e que desejem a nossa felicidade. Vou esquecer de tudo e vou passar a noite de hoje com muita alegria e com a certeza de que não poderia estar rodeada de pessoas melhores. Mas vamos ao que é verdadeiro e importante:

Eu lhe desejo o Natal mais feliz de sua vida. Lhe desejo SAÚDE, AMOR, PAZ e FÉ. Agradeço a você por todo o carinho ao longo deste ano! Agradeço as mensagens, a companhia e acima de tudo, por acreditar em mim e no meu trabalho. Um grande beijo e que o ano 2008 seja repleto de verdade e de carinho. Voltarei a escrever antes que o ano termine! Desculpe-me por ter ficado tanto tempo sem dar notícias!

Grande beijo e um Feliz Natal. Continuem acreditando!!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Simples raio de fé!

Uma vez eu disse aqui neste blog: “sinto que está na hora de uma mudança – na hora de mudar a dança – a música sempre será a mesma e sempre aparece alguém que dança melhor do que você”. Resolvi seguir o meu próprio conselho. Mudei a dança... A música de fundo continua tocando, mas mudei o ritmo! É incrível como as coisas se desenrolam. É incrível como as coisas acontecem na minha vida... Literalmente, caem do céu. E eu agradeço a Deus por isso, por cada oportunidade, por cada desafio. Um dia desses pedi ajuda, pedi luz e pedi foco. Ele me deu mais que ajuda, mais que luz e mais que foco. Ele me deu uma nova vida. Você se lembra o quanto lamentei certas coisas há alguns meses? Você se lembra o quanto estava insatisfeita? Aquilo foi enfraquecimento de fé. Permiti que dúvidas surgissem, sugassem e me consumissem. Sempre fui muito próxima a Deus, sempre trabalhei a minha fé e nunca tive medo de recorrer a Ele. Como diz uma música, “I’m on bended knees, Father, please”. Talvez tenha perdido um pouco dessa sensibilidade, dessa dedicação. Mas é incrível como é só pedir, só conversar, que o pedido é atendido automaticamente. Acredite: entregar a sua vida nas mãos de Deus é muito mais fácil, é muito mais seguro. E eu entreguei a minha. Aliás, entrego cada dia nas mãos Dele. Lembre-se: “Deus não está acima de você – Deus está dentro de você”! A dança começou, a nova dança já começou! E protegida, conto os dias para que a mudança exterior aconteça! Aqui dentro, já aconteceu! Nada, mas nada mesmo, como um dia após o outro: “only tomorrow leads the way”.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A Way

Dreaming a dream,
Not dreaming enough;
Let down by the rain,
Drowning away.
Reverting the signs,
Hidden by light;
The strangle of doubt,
Racing away.
Hushing the sound,
Isolating seconds;
Freeing the mind,
Dwelling away.
Frozen with fire,
Visions of crisis;
Time lets this go,
Loving away.
Allowing to feel,
Burning the heavens;
Lovers don’t dance,
Hurting away.
Feeling the unknown,
Fearing the knowledge;
Waves of sin,
Eloping away.
Hopelessly contrasted,
Blinded by writing;
Violated with passion,
Praying away.
Having so far,
Struggle in vain;
Losing my life,
Dying away.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Enquanto isso no Brasil... Retrospectiva 2007!

O mundo que me perdoe, mas neste final de ano vamos viajar pelo Brasil em uma retrospectiva do ano de 2007. Final de ano é aquela coisa: corre-corre para lá, corre-corre pra cá, compras de Natal e planos para o Reveillon a mil! Deixamos de lado as preocupações que nos pré-ocuparam durante todo o ano. Esquecemos das desavenças, das palhaçadas Federais e de qualquer outra coisa ruim que ocorreu aquele ano. Mas vamos lá, relembrar as principais piadas do ano de 2007:

Enquanto isso no Brasil... Foi inaugurado um novo ano e São Paulo largou na frente, com um buraco bem no meio da cidade. Não duvido que tenham pessoas morando em hotéis até hoje. E 2007 foi o ano de mudanças! Muita gente se mudou para os aeroportos nacionais! E não é que essa moda pegou? Alguns devem estar lá até agora, esperando vôo! Ninguém tirou essa vergonha do ar! E esse também foi um ano de visitas inusitadas! Presidente Bush deu o ar de sua graça! O Papa também veio ao Brasil e a única coisa que ambos trouxeram para cá, foi trabalho para a CET. O trânsito piorou! Temos que desviar até de avião! A dificuldade está quando o avião cai bem no meio da cidade. O que fazer? Ninguém sabe. E continuo adepta à frase da nossa querida ministra: "relaxa e goza"! Assim é bem mais fácil!

E o Rio de Janeiro também teve seus momentos de glória! Cristo agora é maravilha! E o Pan foi um preview das Olimpíadas de 2016. Brasil fecha o ano com a bola toda! Literalmente! Arquibancada de estádio cede e ainda insistem em sediar a Copa de 2014! Prometem reformas, ainda que 80% dos estádios nacionais não têm estrutura. É bom alguém avisar que pintura não é reforma! E a Playboy foi eleita a revista do ano por bois, laranjas e pelo Senado! Ano de greves e crises! USP virou circo e leite virou lixo! São Paulo já se inspira no Rio e ensaia tiroteio em metrô! País é Carnaval o ano inteiro! Estamos na reta final!

Está na hora de começar a introspectiva! O espírito natalino invade nossos corações e nossas casas. De repente nos tornamos boas pessoas, com amor e carinho para dar e vender! Trocamos presentes, afetos, palavras de força e incentivo para esse novo ano que já chega de fininho. A Maçã vai cair, os fogos vão soar na praia de Copacabana. E assim, iniciaremos uma nova página em nossas vidas. Começaremos do zero e daremos mais uma chance à felicidade. É bom ter o coração lotado de esperança e amor. Faz bem fechar os olhos e imaginar que dessa vez, será diferente! E quem sabe (arrisco um "se Deus quiser"), começaremos o ano assim, "enquanto isso no Brasil... Uma boa notícia"!

ALEGRIA, TRISTEZA E EMOÇÃO- Por RODRIGO CURTY

"Acabou mais um campeonato brasileiro. Esse sem dúvida para muitos será realmente inesquecível. Depois de tantos outros grandes clubes que tiveram o gosto amargo de cair para a Série B como Palmeiras, Grêmio, Botafogo e Atlético MG, quem diria chegou à vez do todo poderoso Timão viver o pesadelo. Conto mais abaixo...

O campeonato que foi muito questionado pelo baixo nível técnico, pelas fracas equipes, pela supremacia tricolor que venceu o seu quinto título com grande facilidade, também teve seus momentos de vibração como vemos a seguir:


O que falar do Fluminense que mesmo após ser campeão da Copa do Brasil não relaxou como outros campeões anteriores dessa competição, e que conseguiu um heróico quarto lugar?

Do seu maior rival, o Flamengo, que após amargar por várias rodadas na zona de rebaixamento, conseguiu com as contratações de jogadores como Fábio Luciano, Ibson e principalmente do técnico Joel Santana chegar a Libertadores através da força da sua incomparável torcida num canto que ecoou no país “Raça, Amor e Paixão”.

Clubes tradicionais como o Palmeiras, Grêmio e Inter que para muitos poderiam ser os campeões desse ano, não chegaram nem na Libertadores, mas porquê? Bem, o Palmeiras que com o trabalho realizado pelo técnico Caio Jr no inicio era um dos prováveis ao descenso mostrou determinação, conjunto e se não fosse por vacilos como empatar com América RN e perder para Juventude, Sport e Atlético MG em casa, enfim, vida que segue.

A dupla Gre-nal, assim como Galo- Cruzeiro merecem os parabéns só pelo fato de honrarem as camisas e para a surpresa de muitos, jogarem sem entregar os pontos. O Goiás penou e se não fosse à coragem do árbitro Djalma José Beltrami de mandar voltar por 3x à cobrança do pênalti que manteve o esmeraldino na Série A, a história poderia ser outra.

O Grêmio que ainda lutava pela última vaga da Libertadores, apenas empatou com o desesperado Corinthians, não se entregou, mas também não buscou a vitória após se concretizar a vitória do Cruzeiro. Esse se beneficiou pela derrota do Palmeiras em pleno Palestra para o grande rival Atlético MG de Emerson Leão, décimo jogo sem derrota, foi um marco.

Finalizo o assunto clubes, comentando o tradicional Sport Clube Corinthians Paulista, time de grande paixão, de uma massa apaixonada, e que hoje acordou ainda chorosa e não querendo acreditar que o clube realmente esteja na Série B em 2008. “Força Timão, você é tradição”, a torcida não te abandonará nessa hora, mas sem dúvida vai e deve cobrar pela péssima gestão que se encobriu pelo título de 2005.

Um título que fez mal ao Corinthians, mas que agora não adianta lamentar. É levantar a cabeça, começar a trabalhar desde já e ter força para voltar à elite e conquistar títulos. Limpeza é a ordem de momento.

Fica a resposta para aqueles que ainda não se acostumaram com um campeonato de pontos corridos, e que ainda sentem a falta de um mata-mata. A emoção esteve presente até o final do campeonato pelo menos na ponta de baixo da tabela e nos times que disputavam vaga para Libertadores.

Torço apenas que nos próximos anos, a emoção para se definir o campeão também fique para a última rodada. Parabéns povo brasileiro, torça sem violência e vamos aos estádios!!!"

www.esporteacontece.blogspot.com

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A CARTADA FINAL - Por Rodrigo Curty

Querido leitor:

Apresento a vocês a novidade do Viver é etc! Desde já, postarei matérias sobre esporte elaboradas por Rodrigo Curty, grande amigo, comentarista esportivo e flamenguista roxo! Com muito prazer, abro espaço para esse talento aqui no dezacreditando.blogspot.com! Aproveitem! Beijos e siga acreditando!
"Esse domingo rola a última rodada do campeonato brasileiro de 2007. A agonia da rodada vai ficar por conta dos jogos que envolvem Corinthians, Goiás e Paraná. Ontem a torcida do timão fez a sua parte, cantou o tempo inteiro, não deixou de acreditar e não vaiou nem quando levou o gol do Vasco. O problema talvez tenha sido a ansiedade dos comandados pelo técnico Nelsinho Baptista. Faltou o finalizador com frieza, faltou Finazzi!!Vale enaltecer esse comportamento e dizer que após o jogo, o expressão de desespero e tristeza profunda presente no estádio do Pacaembú era notável. Agora só a vitória interessa para não depender de ninguém.A situação só não foi pior porque o Goiás levou uma goleada no Mineirão. O Galo de Leão fez a sua parte pelo Corinthians e claro por ele. O time está há nove jogos sem derrota e praticamente na Copa Sul-Americana de 2008.Sobre a próxima rodada não seria loucura em afirmar que praticamente o Brasil inteiro vai ficar ligado na dupla Gre-Nal. Os grandes do sul literalmente vão decidir quem cai e quem vai para Libertadores em 2008.O primeiro, o time do Grêmio ainda sonha com uma das vagas na taça Libertadores. Para isso vai precisar vencer o Corinthians e torcer por tropeços de Palmeiras e Cruzeiro. Tarefa difícil, mas por lá quando a torcida se lembra da histórica batalha dos Aflitos, tudo é possível. O timão por sua vez, precisa da vitória para não depender de ninguém e passar um bom Natal e Ano Novo.O Goiás teoricamente terá uma partida menos complicada. Enfrenta o Inter RS, vice-campeão do campeonato de 2005 no Serra Dourada. O tremor do corinthiano é exatamente esse – o Inter que não engoliu até hoje a perda daquele campeonato. Para muitos o colorado deve entregar a partida domingo e assim se vingar. Eu prefiro acreditar no profissionalismo dos jogadores. Não será um jogo fácil.Um clube que corre por fora é o Paraná. O time paranista encara em São Januário o Vasco. O time precisa da vitória e também torcer pelos tropeços de Corinthians e Goiás. Dessa forma em 2008 segue na elite, e empurra os dois para segundona.Quem diria que corinthianos, esmeraldinos e paranistas sofreriam até o final e que Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio, esperariam até o fim para saber se disputam o principal torneio sul-americano.Vamos torcer para quem em 2008 o campeonato possa trazer as mesmas emoções, menos violência, erros de arbitragem e claro a massa presente em bons estádios. - Rodrigo Curty"

domingo, 25 de novembro de 2007

Domingo preguiçoso! Mas com inspiração!

Que domingo preguiçoso! Por isso, resolve colocar um post bem preguiçoso também! Separei mais algumas frases do meu “acervo pessoal” para postar aqui! Frases de músicas, livros, filmes etc. Prometo caprichar no próximo post, ok? Beijos e bom começo de semana!
*FRASES*-mande as suas também!

"Se não fosse pelos preconceitos, nunca seria tarde demais para nada."


“I was standing there in the church and for the first time in my whole life I realized that I totally loved one person. And it wasn’t the person standing next to me in the veil… It’s the person standing opposite me now…in the rain” – do filme Quatro Casamentos e Um Funeral

“There’s no monster, just a beautiful day” – do livro O Caçador de Pipas

“I’m coming waltzing back and moving into your head” – DMB

“Why won’t you run into the rain and play and let tears splash all over you” – DMB

“Felicidade é alguém para amar, algo para fazer e algo para aspirar” –
Joseph Addison
“Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade” –
Pearl S. Buck
“Sentir é estar distraído” – Fernando Pessoa

“O inferno está cheio de boas intenções” –
Samuel Johnson
"Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento" - Clarice Lispector (enviado por Carla)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

E mais um vez, o Brasil erra.

O Brasil errou. E errou feio. Não me refiro à atuação ofuscada de estrelas como Robinho e Ronaldinho pelo reserva-do-reserva Luis Fabiano e o sob-a-sombra-de-Rogério-Ceni, Julio César. Não me refiro também ao futebol desconhecido que rolou em campo, afinal, aquilo não foi futebol brasileiro (ou foi, vai saber). Não posso discutir futebol, mesmo porque, sou um tanto quanto leiga no assunto. E talvez seja melhor assim – beiro a imparcialidade. Acredito que a combinação dos jogadores já não desce tão bem, afinal, cada um adquiriu um novo estilo "jogando jogados" pelo globo. Mas olha só, já desviei do foco principal. Na abertura dos Jogos Pan-Americanos, o Brasil errou. E como já foi provado em inúmeras situações, este país não aprende com o erro. Erra de novo. E de novo. E vai ficando pra trás: em minha opinião, abaixo do 3º (mundo). Enfim, o erro prevalece e eu repito o que disse há quatro meses (dentro de instantes).

Permita-me lhe explicar o porquê de minha indignação: a vaia. Novamente, a torcida brasileira vaiou. O próprio time. Dentro do próprio estádio. Dunga, Ronaldinho, Gilberto Silva e o morto-de-fome, Kaká: dignos de vaia? Aberto para discussão. E agora, repito: “não cabe a nós a humilhação, principalmente diante dos olhares críticos de outras nações. Por mais que aqui seja um verdadeiro circo, jamais devemos garantir camarote para outros países”. Coloco entre aspas somente para enfatizar. Volte. Leia novamente. Por mais que o Dunga tenha feito escolhas equivocadas, mantendo os ex-jogadores do São Paulo em campo somente por conhecerem a Casa e uns aos outros, por mais que o Ronaldinho não tenha conseguido mostrar qualquer coisa e por mais que a perna do Gil esteja mais dura que MDF, não temos o direito de vaiar a nossa Seleção. Não podemos humilhar os nossos representantes que estão em campo na frente de outra nação. Diga o que quiser, o Brasil jogou mal por causa da torcida. É isso mesmo! Foi uma conseqüência, uma ingrata conseqüência. A torcida tem o poder de levantar, derrubar, incentivar, desmoralizar. A torcida enaltece o erro, enaltece a glória, destrói e decide o jogo.
Imagine só: você em campo. Vestindo chuteira, calção azul e blusa amarela da Seleção. Dentro do seu país, dentro de um estádio nacional. Defendendo a honra e o Brasil. A pressão que você sofre. A responsabilidade de fazer jus ao estádio lotado - a obrigação de vencer. E ao fundo, você escuta a sua torcida lhe vaiando. Aquilo ecoa na sua mente, invade sua barriga como um ar gelado e pesa no seu coração. Jogar bem e marcar gol. Ainda esperam isso de você? Garanto: a vaia brasileira enalteceu o ego – uruguaio. Nada, mas nada mesmo seria pior para o time do Uruguai do que uma boa torcida do Brasil. Torcedores com gás, vigor, patriotismo. Eles não jogavam em casa, a maior parte da torcida não era deles: existe maior pressão do que essa? Brasil ganhou de virada enquanto o estádio do Morumbi estava lotado de torcedores fajutos, vira-casaca.

Novamente o Brasil errou! E vai continuar errando enquanto não abraçar o país, enquanto não vestir a camisa. Porque, ir ao estádio de verde e amarelo, não é o suficiente para se considerar um brasileiro.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”

E é verdade. Na vida, tudo que é feito com carinho, persistência e amor dá certo. Passei o último ano de minha vida reconhecendo diferenças. Aprendi a dar espaço a elas. Assim, elas cresceram, fortificaram-se. E hoje, as diferenças não são tão diferentes assim. Admito que passei os últimos 365 dias construindo minha fortaleza – ou permitindo (finalmente) que a construíssem para mim. Passei as últimas 54 semanas aprendendo a abrir mão de muitas coisas – ou permitindo que abrissem a minha mão e a segurassem com firmeza. Agora, quero passar o resto da vida lutando para que a felicidade que tenho hoje continue ao meu lado. E dessa vez, permito que lutem essa batalha comigo. Juntos, construiremos nosso castelo, daremos cor e forma. Por isso, não encare as pedras no caminho como obstáculos ou motivos para desistir de tudo. Pegue a pedra do chão e guarde com carinho. Dê vida e dê cor. Não sabemos quando precisaremos reconstruir uma parede ou uma janela. O que importa é que a cada dia, deixaremos de lado os detalhes desnecessários. Pela felicidade - minha e sua. Vamos segurar um ao outro com mais força. E faremos isso com um largo sorriso no rosto e com leveza na alma. Afinal, em um simples raio de fé, arrisco dizer que encontrei o amor de minha vida.

sábado, 10 de novembro de 2007

Falta de tempo não é desculpa para uma má alimentação!

Deixar a alimentação em segundo plano por conta de uma agenda corrida ou da rotina atarefada é um perigo para a saúde. Mesmo em dias de correria, a falta de tempo não pode prejudicar as refeições, afinal, os alimentos são aliados essenciais na produção da energia necessária para cumprir as atividades e para garantir qualidade de vida.

O café da manhã é a refeição mais importante do dia, pois ele quebra o jejum do sono e ‘abastece’ o corpo.
Muitas pessoas, por falta de tempo e costume, não comem pela manhã e ficam muitas horas sem ingerir qualquer alimento – e isto é errado. Imagine o seguinte: o corpo está acostumado a receber alimentos diversas vezes ao dia. Se o indivíduo fica muito tempo sem comer, o corpo vai sentir “medo” de passar fome, e a partir daí, tudo que for ingerido, será transformado em gordura. Ele não sabe quanto tempo levará até que a pessoa coma novamente, então, ele se abastece e se previne. Isto vale também, para as dietas malucas que as pessoas fazem hoje em dia. Aprenda desde já: ficar sem comer não emagrece! Sabe o que ajuda a perder peso? Comer alimentos saudáveis de três em três horas. Mas aí, o problema de ‘tempo’ entra em questão. Nem todo mundo tem a disponibilidade de interromper suas atividades a cada três horas. Por isso, aí vai uma dica: carregue na bolsa barrinhas de cereal, frutas e biscoitos integrais. O importante é não ficar muitas horas em jejum, pois assim, o metabolismo não funciona.
Se ligue!

A recomendação para quem tem uma vida agitada e não mantém a disciplina com a desculpa do tempo é, ao menos, fazer três refeições por dia – café da manhã, almoço e jantar. É bom lembrar que todas as refeições devem ser balanceadas. Carboidratos devem ser evitados, mas não excluídos do seu cardápio. Lembre-se: estar na moda, é ter saúde!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

46 anos depois

Hoje nasce uma estrela! Com brilho eterno, luminosidade e muita vida. Hoje, dia 07 de novembro, ela nasce com pouco mais de 3 kg e 49 cm. É a primeira filha e a primeira neta. Sua família comemora com alegria a chegada desta princesinha, cujo nome foi dado em agradecimento à Santa Rita de Cássia. Hoje nasce a Ritinha. Ela não reconhece o mundo a sua volta – ainda é pequena, mal abriu os olhos. Ela não tem idéia de como será sua vida: das alegrias, das realizações, tristezas e perdas. Ela ainda não sabe que o mundo dá voltas e que nada é melhor que um dia após o outro. Ela também não sabe que, um dia, ensinará isso às filhas. Ah é, a Ritinha terá duas filhas. Elas serão frutos de um amor de infância. Ela não sonha que a primeira filha chegará numa noite de Natal. E ela também não sabe que seu nome será Andrezza. Cinco anos depois, tempo incalculável para uma criança, nascerá sua segunda filha, Audrey. O nascimento das meninas será inesquecível, mas isso só vai acontecer mais para frente. Daqui a um tempo, Rita aprenderá que a vida faz trocas injustas conosco. Ao segurá-la no colo pela primeira vez, seu pai, Fernando, está apaixonado. Ele a dará todo o carinho e amor enquanto viver ao seu lado. Depois, Rita conhecerá a Fé e, com isso, ela verá que sua vida pode ser melhor e mais fácil. Ela não sabe que, somente muitos anos depois, construirá a verdadeira amizade com sua mãe. Seria bom alguém avisá-la que a espera valerá a pena. Rita de Cássia vai se formar em Direito e vai tornar-se uma ótima advogada. E o melhor de tudo: será apaixonada pela profissão. Não seria mais fácil ela saber de tudo isso, ainda pequena, recém-nascida? Possivelmente. Essa criança que hoje nasce na cidade de São Paulo, será uma boa pessoa. Claro, passará muitos anos de sua vida cometendo erros e adquirindo defeitos para sua personalidade. Mas o que ela não sabe, e que provavelmente deveria saber desde já, é que suas qualidades, seus acertos, suas realizações e seu bom coração serão muito maiores do que os outros pequenos detalhes. Gostaria de contar a ela que ela vai chorar muitas vezes durante a vida – e que suas filhas também – mas que ela não deve se preocupar. Gostaria que ela soubesse que a vida nem sempre é justa; que muitos amores não duram para sempre – e que as pessoas também não. Ela precisaria saber que alguns dias serão melhores que outros; que ela fará a diferença na vida de muitas pessoas; que ela terá que segurar a mão de muitos amigos – e que precisará do ombro deles em outros momentos. Seria bom ela saber que terá, pelo menos, 46 anos bem vividos; que ela será o orgulho de suas filhas e que será o amor da vida de um homem. Gostaria de dividir com ela, todas as piadas que a farão sorrir. Gostaria de alertá-la sobre as notícias que virão em péssima hora, para que ela possa evitar, e as besteiras que ela ao certo dirá, para que fique calada. Como seria bom contar a esse bebezinho, que neste momento dorme tranqüilamente, que várias noites serão passadas em claro – mas que, muitas delas, serão por bons motivos. Se eu avisá-la, confortá-la, contar a ela como será sua vida, talvez – e somente talvez – ela poderia ser mais feliz. Mas hoje, 07 de novembro, 46 anos mais tarde, posso dizer: apesar de qualquer coisa, ela se tornou o melhor que pôde. Ela fez tudo ao seu alcance. Ela brilha e ilumina a vida de todos ao seu redor. E por ser sua filha, garanto: Rita de Cássia é, sem dúvida, a pessoa mais feliz que eu conheço.


Feliz aniversário Mami.

Fique com Deus e amo você.

Andrezza Duarte.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Duas histórias interessantes


Vou aproveitar um único post para lhe contar duas situações que ocorreram nos últimos dias. Dois momentos que me chamaram a atenção por serem inusitados e curiosos. Vamos lá!

Em alguma sexta-feira, sentei-me para tomar café-da-manhã com duas colegas de trabalho. Era uma sexta-feira de feriado e o movimento na empresa era calmo. Papo vai, papo vem e, como você bem conhece mulher, um assunto puxa o outro e quando percebemos, desviamos completamente do tema inicial. Não me recordo qual era, só sei que nós chegamos ao tema traição. Pessoalmente, eu jamais tive que enfrentar uma situação de traição (que eu saiba, não é?) e honestamente, não sei qual seria a minha reação. Mas levando em conta a minha personalidade e os meus valores, não acredito que conseguiria esquecer. Perdoar, eu perdoaria, porque acredito que não cabe a mim tomar uma decisão tão terrível quanto perdoar ou não. Mas esquecer... (?) Enfim, discutimos o tema e percebi que era a única na mesa que mantinha esta posição sobre traição. Uma das moças que estavam comigo acredita que nos dias de hoje, é necessário perdoar, pois todos nós estamos vulneráveis à tentação e a cometer deslizes. Ela disse ainda que se não perdoarmos traições, ficaremos sozinhos. (Só quero deixar clara a minha opinião a respeito do último comentário dela: prefiro ficar sozinha.) A outra moça na mesa, quieta até então, disse que também perdoaria. O perdão dela partiria do amor, para preservar um relacionamento longo e se fosse o caso, para preservar a família. Ela apresentou um bom argumento: família. Será que vale a pena manter um relacionamento pelos filhos? E a sua felicidade? Caso não tenha filhos, vale à pena, enquanto namorado (a), continuar com uma pessoa que já não lhe demonstrou fidelidade? Esta foi uma das situações que me deixaram estupefatas. Aceito e respeito a opinião dos outros e não acredito que a minha verdade seja absoluta, mas convenhamos, ser traído ou trair? Isto este dentro de qualquer parâmetro social? E o respeito? Amor próprio? Minhas colegas que me perdoem: não concordo. Acredito que cada caso é um caso e como nunca estive nesta situação, não posso dizer. Muitos fatores influenciam a sua decisão. Sua bagagem, situação atual, enfim, não posso dizer por você. Na verdade, nem por mim. Mas coloco na mesa este debate: devemos perdoar simplesmente pelo fato de talvez ficarmos sozinhos? Devemos perdoar simplesmente pela vulnerabilidade do ser humano, da falta de índole e caráter? Atrações e tentações todos nós temos. Somos seres humanos, de carne e osso. Mas, o que difere a sua índole de uma índole traíra, é o que você faz diante destas atrações e tentações. Seus valores entram em jogo, o amor pela outra pessoa, o amor próprio. Se você trair, cale-se para sempre. Agora, se você não trai, se você não se permite cair na tentação e ceder à atração, por que você deveria perdoar alguém que cedeu? Se você se manteve firme e forte, por que perdoar quem não se manteve, quem não teve tamanha consideração? Está em aberto. Está em jogo. Talvez, qualquer dia, você esteja do outro lado da situação... Mas aí a questão em pauta não é mais o perdão: é a cara-de-pau.



Fui jantar com minha família em uma sexta-feira de feriado. Fomos a uma pizzaria no bairro de Moema e o céu estava ameaçando abrir espaço para um temporal. Sentei-me à mesa nos fundos do restaurante e reparei que havia uma sala ao lado, cujo toldo estava erguido. Uma sala ao ar livre, super agradável e refrescante. A noite estava quente e desejei ter sentado lá. Ventiladores ligados e aquele calor insuportável tiravam um pouco da fome de todos. Olhava os que estavam comendo suas pizzas ao ar livre, tomando suas cervejas e refrigerantes com a brisa da noite e à luz do luar. De repente, percebo que todos ficam incomodados e inquietos. Uma fina garoa começa a cair sobre as pessoas, dentro do restaurante. A fina garoa virou chuva... E em questão de segundos, os pingos estavam grossos e pesados. As pessoas se levantaram e saíram da sala em direção a minha mesa para se protegerem da chuva. Foi uma cena e tanto: chuva caindo dentro do restaurante, inundando pratos, cadeiras, toalhas, pizzas e refrigerantes. Os garçons tentavam fechar o toldo, mas não conseguiam – ótima hora para quebrar! Desesperadas, as pessoas voltavam à sala para recuperarem os seus pertences como bolsas, brinquedos das crianças e celulares. E voltavam encharcadas. A sala estava praticamente inundada quando conseguiram, finalmente, fechar o toldo. A aniversariante perdeu alguns presentes e algumas de suas flores afogaram. Uma cena inesquecível. Parecia um filme Hollywoodiano, aqueles onde a chuva estraga todo o casamento. Enfim, queria dividir este momento inusitado com vocês. Mas você sabe o que dizem: chuva no dia do aniversário é sorte. Agora, chuva dentro da festa, em cima do aniversariante supera qualquer superstição.

Rádios Comunitárias: A voz de um povo calado

Dizem que o Rádio é apaixonante. Alguns dizem que vicia. Não acreditava - até trabalhar na área. O meio de comunicação mais veloz na mídia atinge públicos de todas as idades de forma imediata. A Internet tem o papel de absorver tudo – tudo migra para a Internet, e com o Rádio não foi diferente. Grandes emissoras como Rádio Globo, CBN, Rádio Record, Metropolitana e Jovem Pan adaptaram-se à Internet, abrindo seus leques de oportunidades. Expandiram seu público e supriram as necessidades tão volúveis do público. Inseriram suas programações na web e facilitaram o acesso.

Um tema atual que tem gerado grande polêmica na mídia são as rádios comunitárias, conhecidas também como “rádcoms”. Mas como essas rádios se inserem na tecnologia dos dias atuais? O grande foco das mesmas é a comunidade. A inserção pública é um dos desafios que deve ser enfrentados. O espaço público é injusto, é desigual e as rádios comunitárias foram criadas para superar estas diferenças. Há participação popular, há luta pela cidadania e igualdade. Geralmente, os locutores e comentaristas das rádios comunitárias são os próprios moradores da comunidade, o que traz proximidade ao público, identificação. A população encontra nestes radialistas, traços semelhantes aos dele. Isto traz conforto e, acima de tudo, traz voz aos reprimidos e calados.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie promoveu palestras sobre Rádio e Cidadania na Semana de Comunicação. Os apaixonados por Rádio, Luciano Maluly e Gisele Sayeg da Universidade de São Paulo, e Márcia Detoni da Universidade Presbiteriana Mackenzie, participaram do evento e ilustraram o tema para os alunos participantes. As palestras, obviamente, trataram do mesmo assunto: rádios comunitárias. Cada palestrante com seu foco e visão sobre o tema. Porém, uma opinião foi unânime: as rádios comunitárias são instrumentos de acesso da comunidade ao meio de comunicação e informação. As “rádios do povo” enfrentam ampla concorrência das grandes mídias. Elas são ameaçadas por emissoras de grande porte: disputam audiência, credibilidade e legalidade. A jornalista Márcia Detoni nos trouxe a informação de que existem 10 mil rádios clandestinas no país, superando as quatro mil rádios legalizadas. Mesmo clandestina, a Rádio Heliópolis, por exemplo, presta serviços à comunidade e realiza um trabalho profissional e sério. Apenas não recebeu a autorização para desempenhar seu trabalho de forma legal. Rádios comunitárias, como esta, funcionam como qualquer outra rádio: com programas musicais, programas jornalísticos (na maioria das vezes, programas de baixo-teor jornalístico) e prestação de serviço (por exemplo, caso algum morador da comunidade perca algum documento e o mesmo for encontrado, os locutores anunciam na rádio). Muitas “rádcoms” oferecem programas religiosos, suprindo uma necessidade grande da comunidade. Elas aproximam o povo e proporcionam espaço e voz.
Luciano Maluly apresentou o “Legado de Roquette-Pinto”. A herança do pai da radiofusão no Brasil é aproveitada até hoje. Edgar Roquette-Pinto, devido a sua persistência, implantou e dirigiu a primeira rádio do país: Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923. Ele convenceu a Academia Brasileira de Ciências a comprar os equipamentos radiofônicos depois de uma feira internacional, onde os americanos introduziram e testaram a tecnologia radiofônica no pico do Corcovado, no Rio de Janeiro. A primeira transmissão de rádio foi do então presidente Epitácio Pessoa. Encantado com este novo veículo, Roquette-Pinto enxergou o futuro: confiou e presenteou o Brasil com o veículo de comunicação mais rápido e eficaz da história. Sua primeira reação foi "Eis uma máquina importante para educar nosso povo" – e ele tinha razão. Por muito tempo, o Rádio foi o principal responsável pelo entretenimento e educação do povo brasileiro. Muitas pessoas ainda preservam o Rádio como seu melhor amigo, seu companheiro de todas as horas. Outras pessoas, abandonaram este veículo por outras mídias, como televisão e Internet. O Rádio é a reprodução de conteúdo - ou deveria ser. Luciano Maluly acredita que o Rádio hoje em dia é uma reprodução da Internet: os locutores imprimem notas e as lêem no ar, sem interpretação. Ele diz que não há como interpretar 60 informações em 20 minutos e com isso, não há interação com o ouvinte. Todos os convidados presentes concordaram que é necessário reproduzir o momento, reproduzir o cotidiano. Os jornalistas de rádio precisam melhorar a comunicação e precisam falar. O legado de Roquette-Pinto deixa claro que devemos ampliar o conhecimento e o rádio deve ser usado justamente para isso.

A Internet absorveu tudo que havia ao seu redor: inclusive o Rádio. Ele migrou para a Internet e teve que adaptar-se às novas tecnologias. A palestrante Márcia Detoni acredita que a Internet é a redescoberta do Rádio. Uma oportunidade para valorizar e ampliar o acesso à informação. Com as rádios comunitárias, há uma missão a ser cumprida: democratizar as comunidades. E com estas rádios, os deveres e direitos ficarão claros e darão acesso democrático às informaçõs. Em um país onde apenas 10% da população vive com uma renda familiar acima de três mil reais, é necessário que haja uma mídia que exerça um papel social e as “rádcoms” fazem exatamente isso. Na África e Ásia, por exemplo, as rádio comunitárias são fundamentais para a população em níveis sociais e educacionais. Novamente, o objetivo destas rádios é a consipação das diferenças. Elas não surgiram para tomar o lugar das rádios comerciais, mas sim, para somar a elas. Assim, a democratização será mais fácil e possível.

domingo, 4 de novembro de 2007

Enquanto isso no Brasil... Copa será em casa!


O mundo está às avessas! Petrobrás volta à Bolívia? Guerras no vai-não-vai, dinheiro de criança desaparecida paga hipoteca! Enquanto isso no Brasil... Copa de 2014! Para o mundo inteiro! Menos para o Brasil, é claro. De que adianta sediar a Copa no Brasil se o preço dos ingressos não condiz com a realidade brasileira? Mais uma vez, o povo vai assistir pela televisão! Assunto em pauta! A educação e a saúde pública vão de vento em polpa, então, por que não investir no mais esperado evento esportivo? Prioridade máxima! Desigualdade social não passa de ficção! Foi dada a largada! Ficamos para trás! Brasil abriu o caminho e deu o título ao estrangeiro! Nem sei por que ainda assistimos! Um verdadeiro orgulho para a nação - deles! E uma mulher vai assumir a presidência de los hermanos! Ueba! Que sirva de lição! Quem sabe o 3º mandato “Lula” não seja governado pela D. Marisa? Imaginem! Não, melhor não! Com essa moda de “lei da atração”, não tenho coragem de imaginar mais nada!

O Noel chegou mais cedo este ano! E chegou a 120 km/h! De tempestade tropical virou furacão! Devastou, desabrigou e destruiu! E o título do Tricolor também chegou com antecedência! Penta campeão com quatro rodadas pela frente! Descanso merecido: Muricy foi pescar! E encontraram mais uma rádio pirata! Desta vez, em plena Avenida Paulista! Congonhas e Cumbica em perigo devido às piratarias do rádio! Ah, se fosse só isso...

Oscar Niemeyer está entre os 100 maiores gênios vivos. E olha que ele montou a arena do circo político! Genial? Eu diria outra coisa. Quer construir um picadeiro? Dê aos palhaços um título político! Se der errado, é só cassar! Sem desmerecer Niemeyer, o feitiço voltou-se contra o feiticeiro! E você não imagina os macetes usados para desvio de verba! Até as gráficas entraram no esquema! Publicidade e propaganda honesta do PT! Oxalá, Cidade Limpa! E agora? Quem vai desfazer o estrago? Só a Tropa de Elite! Diretamente do Rio de Janeiro para o Distrito Federal!

Crise do leite! É mole? Leite adulterado, gasolina adulterada! País adulterado! Manda investigar! Aí tem!


Esta crônica será publicada no jornal americano "Nossa Gente" no dia 16 de novembro. Jornal dedicado à comunidade brasileira que reside na cidade de Orlando, Florida - Estados Unidos. Faço parte do grupo de colaboradores do jornal e assim, aos poucos, vou me realizando. As realizações vêm aos poucos...e na medida certa.

Sorrisos pela metade


Peço perdão pelo último post! Estava indefinido, sem pé ou cabeça! Mas como disse, foi um desabafo! Naquele exato momento, aconteciam coisas ao meu redor que, se eu não canalizasse minha energia e atenção em qualquer coisa, certamente teria explodido! Eu sei, eu sei. Não precisa dizer. Eu sei que ando sem paciência. Mas a culpa não é minha! Mentira, claro que é. Juro que não vou tentar justificar a minha impaciência, mas realmente sinto que as pessoas estão com os nervos à flor da pele. Você também já reparou nisso? Que bom, assim não me sinto tão estranha. Eu tenho a impressão que todos andam mais nervosos e menos amorosos – talvez seja aquela tensão e pressão de final de ano. Talvez. O motivo de meu agastamento é claro e estou com um sério problema: as pessoas me irritam. O ser humano me irrita. Com sua falsidade, arrogância, sorriso-pela-metade em uma cara desgastada. Com suas mentiras, sua inimizade, sua insatisfação. Não é de hoje essa irritação e acredito que todos já devem ter sentido isso. Mas ultimamente, ando mais cara-de-pau. Não consigo abrir um sorriso para quem eu sei que mente para mim, quem esconde coisas de mim. Não consigo ser cordial com alguém que falsifica sua amizade por mim e que ilude um relacionamento qualquer com um ar gracioso. Existe a lei da sobrevivência, a regrinha que todos conhecem, o famoso “go with the flow”. "Não questione muito, trate todos bem e siga sua vida, sem criar desavenças e inimizades". Fiz isso por muito tempo, assim como eu sei que fizeram comigo. Não deixei de acreditar na lei do “bom vizinho”, mesmo porque, ainda a coloco e prática. Máscaras, máscaras e máscaras. Faz bem colocar máscaras. Mas fez bem tirá-las também. Acredito que se você não está satisfeito, simplesmente não finja. Aja em respeito ao seu coração.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Post pobre e sem sentido. Na verdade, só um desabafo!

Não pautei o post de hoje. Talvez por falta de tempo. A verdade é que senti uma necessidade imensa em lhe escrever neste momento. Pelo simples desabafo, pelo simples espaço para colocar meus pensamentos no “papel”. Sinto que não posso mais escrever qualquer coisa neste blog. O leque de acessos abriu e pessoas de todo o canto acompanham meus posts. Tentarei ser mais discreta (na medida do possível, mesmo porque não admito trair a minha postura) e tentarei ser mais delicada. Em poucas palavras, estou carregada. Com o mundo nas costas, nos ouvidos e na cabeça. Lidar e compreender diferentes acontecimentos, situações e perspectivas, não está fácil. Outro dia um amigo meu rotulou este blog de ‘pessimista’. Não concordei e espero que você também não concorde. Acredito que sou fiel ao dia-a-dia, sou fiel aos meus valores e morais. Nem tudo é um mar de rosas, mas também não é o inferno na terra. Há equilíbrio. E acredito, piamente, que respeito esta medida. Você já reparou em quanto as pessoas reclamam? Credo! Haha.
Post pobre e sem sentido. Na verdade, foi só um desabafo!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tim Festival

The São Paulo edition of the 2007 TIM Festival was a pretty interesting experience. And that is because I was there and jotted everything down just so I could share it with you right here. I went to the festival just for one day, which was October 28th. Well, Sunday’s set list was made up of an interesting combination: Iceland’s Björk, Hollywood’s Juliette Lewis together with The Licks, UK’s Arctic Monkeys and Sam’s Town, The Killers. Björk, just as expected, was the real deal of the night. Wearing a colorful and wide dress, she “awed” the public with hits such as Independence and Hunter. Not only that, I do have to acknowledge her high-pitched voice, the magic she spreads over the crowd and how she charms every single person. I got to admit that I’m not a real fan, mainly because I know so little of her work, but I was truly amazed by her concert. Amazed to the point of having a hard time keeping my eyes off stage or drifting off my attention. Live performance and high-tech equipment are a couple of reasons why the world loves Björk. Well, taking it down a notch, those are a couple of reasons why the world has to admire Bjork. I could add more elements to that list, such as her incredible up-beat attitude, her undivided attention towards the audience, her unique dance moves across the stage, and the undeniably adorable way she thanks her fans in Portuguese: something similar to “obrigatô”. Ladies and gentlemen, hats off to Björk.
Moving forward across the set list, let’s welcome Juliette & The Licks. Under a storm of applauses, they entered stage about an hour after Björk. Wearing tight red-leather pants and a black see-through blouse, Juliette rocked the audience. She danced, spun around, threw herself on the ground, managed a couple of somersaults, audaciously moved across stage and entertained the fans, who had red feathers on their heads, just as the lead singer. To be honest, I didn’t appreciate her music all that much. In fact, not at all. I have to agree with the on-going comment that I heard several times that night: she should’ve settled for Hollywood. Even though, as a musician, she has a wide circle of admirers, her talent is limited to acting. But her charisma and sympathy gave her away. The public enjoyed her apparent satisfaction of being in Brazil, which she declared love for.


For the next act, I’ll try to be subtle. One of the most expected bands of the night was, without a doubt, the Arctic Monkeys. I must admit I was pretty anxious before they went on stage. The disappointment, however, hit me from the very first minute of performance. It struck me so bad that I really feel like tearing and breaking down every ounce of decent reputation they acquired. First of all, the fame went to their heads. A bunch of arrogant English kids, who strongly believe they’ve got it all. Please forgive me if I’m offending you in any way (who knows, you might love them), but it really got to me. And you know what? I felt sorry for the fans who drooled over that bloody-sand box-group. It goes beyond the fact that all their songs sound exactly the same: it goes into political matters. It goes into social and cultural matters. I want to point out, and I wish I could do that to their faces, the audacity and disrespect of those boys. And the worst thing is that they only did what they did because they see this country as third world, and entitle its population as ignorant. You know I question and defy this country, but I can, because I live here. I can expect and, to say the least, demand change and improvement. I can criticize, if that will help Brazil grow and become a little better. Now, I do not allow, I do not accept that a bunch of spoiled and arrogant English babies come to my country and offend my people in a language that most of them cannot understand. I cannot like and enjoy somebody who comes to my country and affronts its ways and population. The Arctic Monkeys insulted everyone who was at the Festival in English so that nobody would understand. I wish I didn’t have to repeat what they said, but if I don’t, you might believe I’m judging them simply for their music. The lead singer, whose name I really don’t care, said a loud and clear “F*** you”, as the crowd cheered, probably (and hopefully) having no idea what was being said. Whenever he’d say “Brazil” or “São Paulo” (practically the only two words 97% of the people there could understand) the crowd got of their feet and screamed as loud as they could, praising and worshipping a band who just told them to f*** themselves. And if that hadn’t been enough, the vocalist said in these exact words: “I wish I could play all night, but I can’t – now I’m just being a liar”. Now tell me, who is most wrong? Somebody who comes to our country and insults its people or the actual people who would die just so that one of those pricks would look at them? I don’t know. All I do know is that the Arctic Monkeys lost all the prestige and respect I had for them. But why would they care? For all they know, I’m just another lame and stupid person who’s in love with them. Oh, and for the grand exit: after their last song, they simply looked at each other and left – under another storm of blind applauses.
About an hour later, the stage looked pretty different: lots of flowers and Christmassy lights decorated it with a huge sign on the back that read “Sam’s Town” – The Killers’ latest album title. The crowd was pretty tired and booed the long wait. The Killers came on stage at 4 AM (when they were actually scheduled for 1 AM), and made the entire wait worthwhile. Brandon Flowers’s band was pretty faithful to the crowd’s expectations and really made the place shake up. Hits like “Read My Mind” and “Bones”, drove everybody insane – and when I say everybody, I do mean it cause why else would they wait up to 4 AM? Around 4:30, some people began to leave but came right back when they heard the first chords of “Mr. Brightside”. If bringing satisfaction and real emotion to the crowd was their goal, they achieved it. They played with passion, sang with grace and strength, and enchanted their fans. They didn’t feel the need to be arrogant or to be rude. The three-hour wait was forgotten - completely. They talked to the audience, they exchanged energy and magic. And for the first time that night, I got off my feet.

sábado, 27 de outubro de 2007

Colaboração da Audrey

Este vídeo foi feito exclusivamente para este blog pela minha irmã Audrey. Foi um presentinho =) Obrigada pelo carinho Pitu!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Meus, seus, nossos valores

Hoje eu li um post no blog de uma grande amiga e o seguinte assunto foi abordado: valores. Sei que é um tema batido, muito discutido. Na verdade, ouso acrescentar "valores" àquele velho ditado "não se discute futebol, religião e política". Ficou assim: não se discute futebol, religião, política e valores. E valor, realmente não se discute. Porém, hoje eu questionei alguns. Essa minha amiga contou em seu blog um episódio interessante que ocorreu durante seu final de semana. Ela foi a uma boate um tanto quanto cara (não citarei o nome, pois não quero fazer propaganda – tanto contra quanto a favor). Até aí, dar-se ao luxo de conhecer lugares bem freqüentados não tem problema algum. A grande charada da noite foi quando ela percebeu que poderia ter se divertido muito mais em outro lugar e por um preço bem menor (conheço bem este sentimento e é bem frustrante). Ela questionou o motivo pelo qual cobravam tão caro pelas bebidas e até porque exigiam tanto dinheiro simplesmente para estar lá. Ela teve muita coragem de publicar este episódio em seu blog, pois muitas pessoas fazem este tipo de extravagância sem ao menos questionar (em um mundo silencioso, dar o primeiro grito é correr o risco de produzir um eco eterno). Caso não tenha dito, quando ela foi pagar a comanda, se deparou com duas situações: uma garota pagava uma conta de R$ 740 e outra jovem, uma conta de R$ 900 – então, quando digo "extravagâncias", por favor, acreditem em mim. Caso não concorde, pare de ler este post imediatamente. Obrigada.

Continuo a postagem ao meu querido e prudente leitor: Pagar R$ 80 para estar em um ambiente "bem freqüentado" (e deixo claro que isto é relativo) já não parecia tamanho absurdo. Porém, quero que você entenda que R$ 80 reais perto de R$ 740 ainda são R$ 80 (vou ignorar os R$ 900, pois gastar esse valor em uma "balada" já é palhaçada. Por favor, consumir R$ 740 também está fora da realidade, mas tenho que manter algum exemplo). Não quero que você, caro leitor, dê menos importância aos R$ 80, somente por ser tão mais baixo. Enfim, não vou usar o velho argumento de que não se devem gastar quase mil reais em tamanha futilidade enquanto o nosso país padece na miséria – isto, todos sabem. Vou discutir valores. Na verdade, vou questionar e perguntar a você: aonde foram os valores? Primeiramente, quem gasta tudo isso em uma "balada", rico não é. E isso, eu lhe garanto. Certamente, é um "novo rico". Alguém que não sabe o valor do dinheiro e a dificuldade que é mantê-lo. Porque conseguir, convenhamos: qualquer um consegue. Manter é outra história. Para quem não sabe, dinheiro não aceita desaforo e dinheiro não nasce em árvore – isto pode ficar cansativo, porém repito: valores. Quem quer impressionar, quem quer fazer parte de um novo grupo, no qual na verdade não pertence, gasta mesmo. E gasta com um sorriso no rosto. Gasta com orgulho de ter desembolsado quase três salários mínimos. E é aí que vemos a diferença de apego, vemos como o “importante” para um é diferente do “importante” para o outro. Como que uma pessoa pode ser tão burra a ponto de se humilhar desta maneira? Humilhar, sim! Como minha amiga disse em seu post, pagar o valor cobrado nestas casas noturnas é denominar-se um idiota. Pagar R$ 15 em uma cerveja enquanto uma caixa (da mais cara) no supermercado (do mais caro) não passa dos mesmos R$ 15, é burrice. Beira a ignorância. Acreditem, já estive nesta boate onde minha amiga presenciou tal absurdo social e nunca mais voltei (valores pessoais). Ir de vez em quando, dar-se ao luxo de vez em quando, não tem problema algum. Não julgo, mesmo porque, gosto de freqüentar locais que "estão na moda". Agora eu gostaria de saber somente uma coisa: quantas pessoas, das que estão lá, pagam a conta com o próprio dinheiro? Gostaria de perguntar à jovem que gastou R$ 740 ou à jovem que gastou R$ 900, de onde veio o dinheiro delas? Do próprio bolso? Da própria conta? Na maioria dos casos, dou-lhe a certeza que o dinheiro vem dos pais. O que é bem pior: além de não terem a mínima noção financeira, não respeitam o dinheiro da própria família e nem ao menos sustentam a própria futilidade. São adolescentes (pois não ouso nem me referir a eles como adultos) sem a mínima responsabilidade. Adolescentes mal-acostumados que têm a inteligência gozada cada vez que desembolsam valores horrendos com um sorriso no rosto. Acredito que se a situação fosse inversa, se o dinheiro pertencesse a elas e outra pessoa o tivesse esbanjando, não seria tão engraçado assim. (Você vai dizer que cada um gasta o seu dinheiro como bem entende. Se a pessoa tem mil reais para gastar em energético, em garrafa de uísque e camarote, por que não gastar? Novamente: uma questão de valores). Mas como gosto de dizer, a culpa não é da fonte. A culpa é de quem bebe dela. Ou seja, não devemos julgar e condenar essas boates que exploram seus clientes; devemos condenar quem paga para ser extorquido dessa maneira. O exemplo que gosto de usar é o seguinte: devemos atribuir o problema do tráfico de drogas aos traficantes? Não. Deveríamos atribuir tal violência aos consumidores. Quem fuma um baseadinho, cheira cocaína ou qualquer outra coisa que esse pessoal usa para chamar a atenção, são os verdadeiros culpados pelo tráfico. Eles financiam a maior violência deste país – e do mundo. Pode encher a boca e me chamar de careta ou do que for mais conveniente. É a mais pura verdade. Então, a conclusão que chego é a seguinte: o motivo pelo qual essas baladas cobram o valor que cobram é simples: tem quem pague. Famosa lei da oferta e da demanda. Mas até aí, estamos tratando apenas de valores. Penso que, talvez, os meus estejam invertidos. Prefiro acreditar que não. Mas, quem sabe? Não quero que meus filhos financiem o tráfico, não quero que os meus filhos gastem o sustento de uma família inteira em caipirinhas, em energéticos ou em lugares caros somente para se sentirem aceitos. É pedir demais? Porque, na verdade, minha grande indagação, a maior das minhas perguntas e talvez, a verdadeira charada dos tempos de hoje é: o que faz um jovem tão infeliz a ponto de recorrer às drogas, às futilidades, ao álcool, ao crime? O que possivelmente poderia estar tão errado na vida de um jovem? Salvo as raras exceções, não há resposta. Jovens mimados, mal-acostumados. Jovens vazios que se sentem vitimados por uma infelicidade que eles nem ao menos conhecem – apenas acreditam que sim. Eu não conheço a infelicidade e espero que você também não. Digo que o mundo é infeliz - ou acredita ser. Posso estar errada. Devo estar errada. Mas tudo isso é uma questão de valores. Quais são os seus?

Agradeço a minha grande amiga Melissa Castagnari – a inspiração deste post. Ela, geralmente, me fornece a coragem para enfrentar e questionar. E desta vez, de publicar. Obrigada.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Retorno bom

Disse que não postaria nada até segunda-feira, mas senti a necessidade de compartilhar algo com você. Como sabe, acredito que críticas deveriam ser bem-vindas e construtivas, sempre. Elas nos dão as ferramentas para melhorarmos nosso trabalho. Mas também é bom recebermos elogios. O elogio nos dá aquela sensação de conforto - me faz pensar que talvez esteja no caminho certo. O elogio, assim como a crítica, me dá a força de vontade para seguir em frente, com menos medo de errar... Porque alguém nos admira e acredita em nós.

Recebi um e-mail do jornalista Ucho Haddad e com sua permissão, posto uma cópia do mesmo abaixo. Agradeço a este mais novo amigo pelas palavras de incentivo e carinho e admito que fiquei muito contente. Quero dividir isso com você caro leitor, que também me acompanha. Obrigada.


*
"Andrezza Duarte! Ouvir esse nome repetidamente, em futuro próximo, é uma certeza presente para mim. Tão equilibrado quanto quem o empunha, tal fonema composto é uma realidade prazerosa de se ouvir. Com o devido direito de achar que se trata de uma maluquice de minha parte – um desconhecido qualquer -, você, Andrezza, ressuscitou em mim a crença de que escrever não pode acabar de uma hora para outra. Confesso que começava a me acostumar com o desânimo de não ter um novo alguém para admirar. Todos os que atualmente admiro já estão, como eu, com o velocímetro da vida um pouco avançado. O tempo passa para todos, mas por tudo o que escrevo, e como escrevo, sei que ainda sou jovem. Por sorte, minha alma ainda não me impôs a velhice. E creio que tão cedo não fará.

Com a devida licença de Manguel, sou o mais comum dos seus espectadores. Um espectador que, com todos os realces permitidos, capturou não a sua imagem, mas você, como um todo, pelos chamados outros sentidos. A captura se deu pela intensidade coerente de seu texto. Nele está a sua essência de ser humano, de jornalista. Ou seja, e já atropelando Foucaut, o que me atraiu não foi a imagem que desconheço – e tampouco construí alguma – mas o texto em que mergulhei.

Roubando-lhe parte do que está em seu blog, as interpretações que dei ao seu texto são as respostas apaziguadoras que buscava para facilitar o meu entendimento em relação ao mundo e à minha própria existência. Por maiores que foram as críticas que colecionei ao longo dos anos, sabia que só não estava nessa empreitada. Suas palavras ampliaram o infinito das possibilidades que povoam meu pensamento. É como sujeito social, olhando e enxergando com a alma, que, calcado em um coquetel de experiências e aprendizados, consigo vislumbrar o que até ontem foi um pesadelo, mas a partir de hoje tornou-se um sonho possível. Encontrar alguém que me sucedesse nessa insana e patriótica batalha de mudar o País através de um jornalismo sério e independente. E esse “alguém”, se Deus permitir, é você. Até porque, como se mágica fosse, aprendi a admirá-la"

Ucho Haddad
São Paulo, 17 de outubro de 2007. ________________________________________________

Ucho Haddad é jornalista investigativo, colunista político, poeta e escritor. Editor do http://www.ucho.info/, é articulista do site do jornalista esportivo Wanderley Nogueira.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Mailbox

I like to think that life works in a funny way. It allows you to sink and drown as it greets you with magical under-water experience. I’m finally getting some time off work. Actually, getting some time off everything. Off to Rio tomorrow as a prize for all the hard work and sacrifice. Drama, drama drama. But indeed, off to Rio. All I needed was some time to rest and to relax. I guess I won’t be posting anything until Monday, but at least you’ll know why. This morning I was reading some old e-mails. Some of them, I didn’t even remember. It was interesting to relive some situations and “refeel” some feelings. Well, as far as I’m concerned, there is nothing wrong in doing that sometimes. It feels good to remember and cherish old memories. It feels good bringing back to life people who dwell in your past. It’s something you do within yourself, a secret you hide. Nobody has to know what you think, what you feel and even who you think about. Every now and then, you remember, you hold it close to yourself and you close your eyes so that it doesn’t give you away. Every now and then, you listen to a certain song, or songs, and you hide your love away. You have to…You spend months and years of your life without those memories, but never a day. Never a day goes by that you don’t think about it. Never a day goes by that you don’t feel it. Never a day goes by that you don’t long to bring that, him, her, back into your life. Just for a moment, just so you can settle for what’s best, just so you can choose. Simply tired of letting life make your decisions. I know I am. Anyway, take some time off and read your old e-mails. It’ll make you feel good, safe, comfortable, but also, miserable. And you know what? It’s ok. It’s ok to feel miserable at times. As long as it’s for a good cause – a good memory, a good person, a good e-mail. You’re allowed and bound to let moments and people die, just like they do inside your mailbox. The thing is, in life you can’t always rescue it. In real life, usually, if you let it go, you either forget about it or you regret it. And it can get worse: realizing everything you let pass by when it’s just too late to even think about it. But don’t worry: when you drown, life will certainly give you enough breath to live your magical under-water experience. And maybe, that experience, is exactly the one you let go years back. “If you love something, set it free. If it doesn’t come back to you, it was never yours to begin with” – and you usually know. I know I do.
Going to Rio will certainly be somewhat interesting and relaxing. A trip to get my thoughts off work or anything that may be troubling me. I'd rather think it's just like any other trip. Just like any other place. I just wonder, deep inside, if there is anywhere else in the world I’d rather be. And still today, i'm guessing no.

Edição Especial - O Alfaiate


Um dia me contaram uma história. Como qualquer outra. Com começo, com meio e sem fim. Tem passado. Tem presente. Mas ainda não tem futuro. Um dia um alfaiate me contou uma história. Uma historia que nunca esqueci. Não pude. Seria traição. Omissão. O Alfaiate me contou a história no dia 15 de setembro do ano de 2006. Seria mais bonito, mais romântico, se a historia tivesse sido pronunciada no final do século XX... Mas não, é recente. 2006. Hoje, mais de um ano depois, decidi contar essa história.
A “fonte” de todo jornalista deve ser respeitada e cultivada. A fonte tem as rédeas da carroça do profissional e se ela puxa, ele pára. O Alfaiate me pediu para não publicar a história nos mínimos detalhes. Na verdade, não deveria dizer qualquer coisa. Por este motivo, não vou ser objetiva, não vou ser clara e realmente espero que você não entenda. Mas é uma historia que nos faz pensar. Uma história que se levada a sério, poderia acabar com toda a estrutura de um povo. Destruir o que há de mais concreto em um país. Não faço acusações, não aponto dedos e não faço críticas. Apenas conto. Meu papel como jornalista, neste caso, é de simplesmente contar uma historia sem procurar e tentar provar qualquer possível veracidade na mesma. Então contar pra quê? Conto porque tenho certeza que ninguém vai acreditar. Então, esta aí: O Alfaiate, meu primeiro conto de ficção.


Encontrei-me com o Alfaiate em um lobby de um hotel no centro da cidade. Nunca tinha o visto e sequer falado com ele. A história já me era familiar, pois o encontro foi marcado justamente para ouvir dele, a maior revelação da história deste lugar. Nada como beber da fonte a água mais fresca. O Alfaiate já tinha bastante idade, talvez estivesse em seus 70 e poucos anos. 70 e poucos anos de muita costura, muita historia e muita omissão. Mas o meu papel, não é o de acusação. E na verdade, nem o dele. Conversamos como velhos amigos, sem intuito jornalístico (Talvez com uma pitada de intuito jornalístico). Mas conversamos como velhos amigos, colocando a conversa e as nossas vidas em dia. Sempre fui uma amante de História, gosto de conhecer o passado pra compreender o presente e futuro. (Dizem que o tempo é cíclico, não é?). Mas enfim, colocamos os fatos em dia pela primeira vez. Na verdade, nos apresentamos e contamos um pouco um do outro pela primeira vez. O Alfaiate, sempre muito calmo e interessado, ouvia meus planos de vida, meus sonhos. E temia a pergunta que estava por vir. Ele sabia o verdadeiro motivo pelo qual havia agendado uma “conversa” com ele. Ele sabia que teria de me contar tudo, porque era dele que eu queria ouvir. E o medo dele, o grande medo dele, era que eu viesse a contar a mesma história um dia. Ele temeu minha curiosidade, minha insistência e minha paixão: o jornalismo. Dizem que o jornalismo vai matar o jornalista, mas vai mantê-lo vivo enquanto ele o faz. E é bem por ai. Existem lugares onde não podemos ir. Situações onde não há espaço para questionamento. Existem historias que não devemos tentar encontrar qualquer veracidade dentro dela. Devemos deixar de lado, omitir. E hoje, venho e lhes escrevo com apenas um objetivo: concretizar o grande medo do Alfaiate.


Como disse, encontrei-me com o Alfaiate em um lobby de um hotel no centro da cidade. Caso não tenha mencionado antes, a cidade era São Paulo. O tempo estava quente quando estacionei meu carro em frente ao hotel. O recepcionista me disse que já me esperavam no lobby próximo ao bar. Subi as escadas barulhentas. Escadas de madeira apodrecida. A porta de vidro era pesada. Hoje não sei se ela realmente pesava tanto assim ou se era o peso da minha ansiedade e nervosismo. Uma ansiedade e nervosismo que ainda me eram estranhas. Era a primeira vez que alguém me contaria alguma coisa de inestimável peso. Penso que até hoje, nada me marcou tanto. Nada veio com tanta força e nada me deu tanto desejo de explorar, de entender. Mas fiz nada a respeito. Sempre ouvi com serenidade, absorvi com serenidade e hoje lhes conto com o mesmo sentimento. Não pretendo levar nada à diante, não pretendo fazer capa de jornal. Mesmo porque não há como provar – lembre-se: é apenas ficção. Quero apenas tirar isso do meu peito e conseguir, finalmente, ignorar. Obviamente, não sabia que me sentiria dessa maneira hoje em dia. Se soubesse, certamente não teria atravessado, com grande esforço, a porta de vidro. O lobby era escuro, apesar das luzes amareladas. O ambiente era pesado e cheirava a mofo. Assim que entrei, havia um bar ao meu lado esquerdo, com centenas de copos de vidros pendurados de ponta cabeça. Copos velhos e já desgastados. Caso não tenha mencionado antes, o hotel era simples e bastante velho. A entrada do hotel era nada mais que uma porta pequena, quase que imperceptível a quem passava com pressa pelas ruas do centro paulistano. - Voltemos ao lobby. Ao lado esquerdo do bar, meu lado direito, um homem de cabelos brancos sentava-se curvado sobre a mesa com um copo de uísque entre as mãos. Ele observava o gelo derreter aos poucos enquanto devaneios invadiam sua mente. Distraído, não me ouviu entrar e sequer sentar ao lado dele, em uma cadeira de madeira estragada. Demorou alguns instantes até que ele levantasse os olhos e notasse minha presença. Com um sorriso morto, ele permaneceu calado. E nesse sorriso, vi sua tensão, senti sua apreensão. Por algum motivo, tinha certeza de que o homem ao meu lado, era o Alfaiate. Não perguntei, não questionei. Apenas sabia. Talvez pelo ar de medo que o circundava enquanto mirava aquele gelo flutuando e derretendo dentro da bebida quente. Era claro que aquela não era sua primeira dose de uísque. Era claro que ele havia sentido aquele calor descer e queimar e atravessar cada parte do seu corpo milhares de vezes durante muitos anos passados – e também naquela tarde. Por alguns minutos, permaneci calada e o perdi. Perdi sua atenção que havia sido voltada ao gelo. Finalmente criei coragem e mesmo já sabendo qual seria a resposta, perguntei seu nome. Ele me respondeu com toda a calma do mundo – “Sou o Alfaiate”. Eu esperava ouvir o seu nome, mesmo que já soubesse. Pelo menos seria algo mais humano, que nos aproximaria. Criaria uma intimidade automaticamente. Conversaria com ele de igual para igual e assim, nosso papo fluiria. Mas não. Seu nome não foi pronunciado uma vez sequer, durante toda aquela tarde. Muitas vezes, me peguei quase dizendo o seu nome, mas antes que eu terminasse, as silabas morriam na minha boca. E foi assim que começou a minha tarde com o alfaiate.


Como disse, conversamos como se fossemos velhos amigos. Mas isso só aconteceu quando o gelo derreteu. Ele não tinha mais aonde desviar o olhar e se perder na distração. Ele se mostrou um ótimo ouvinte e uma pessoa com perfeita dicção. Ele escolhia cada palavra com muito cuidado, com muito medo de errar. Aliás, percebi aos poucos, a cada gesto e frase, que ele era um homem que vivia no medo. Ele me contou que durante sua carreira havia feito ternos para todos os tamanhos e costurado para os homens mais elegantes da cidade. Ele já havia conhecido as mulheres mais lindas da época e havia desfrutado do melhor da elite paulistana. Aos poucos, me contou que em todos os anos de profissão, ele havia presenciado muitas situações e ficado sabendo de muita coisa que ele nunca havia contado a ninguém. “Um alfaiate está lá pra costurar. É como se ele nem estivesse lá. Faz seu trabalho e vai embora”. Assim ele definiu seus anos na profissão. Ele nunca teve a coragem de enfrentar, questionar ou tentar entender. O Alfaiate sabia de tudo, mas continuava costurando. Ouvia tudo, mas continuava costurando. O Alfaiate é o tipo de testemunha que ninguém percebe a ameaça que ele apresenta até ameaçar, pois sempre muito quieto, presenciava, via, ouvia e sabia de tudo. Mas não este alfaiate. Este era leal. Era omisso. Até aquele dia.


Naquela época eu ainda era uma estudante de jornalismo. Na verdade, ainda sou, mas ainda não trabalhava na área. Ficou confuso. Comecemos novamente: Naquela época eu ainda não trabalhava na área de jornalismo. Não havia me deparado com o jornalismo verdadeiro. Eu entendia, antes mesmo de sentir, o que era ser jornalista. Mas até então, nunca havia sentido o sangue pulsar e correr desesperadamente pelo corpo. Queria perguntá-lo sobre a história, queria que ele me explicasse, queria que aquela música fosse cantada com a sua voz. Não sabia como perguntar, pois ele parecia estar evitando o assunto muito mais do que eu. Mas ele não mostrava nenhum indício de que iria tocar no assunto. Já eu, estava suando. Não gosto de parecer desesperada, mas aquela historia havia me consumido há semanas. E não pensei duas vezes antes de armar a entrevista. Caso eu ainda não tenha mencionado, fiquei sabendo dessa história através de um grande homem. Um homem que considero parte da minha família. Não vou dizer quem, pois não quero que ninguém tire conclusões ou entenda algo que não estou dizendo. De qualquer maneira, o Alfaiate havia contado antes pra ele. Não acreditei como espero que você não vá acreditar. E por isso, marquei a conversa. E é por isso que precisava tanto que ele me contasse com suas próprias palavras, sem o exagero do “telefone sem fio”. Sem qualquer informação mal-interpretada e tudo bem claro. Ele finalmente ameaçou começar o que eu achava estar tão longe. Limpou a garganta e recomeçou – “Sei porquê você está aqui”, e pausou. “Claro que sei. O que eu não sei é porque vou contar isso pra você, afinal esta é a primeira vez que nos encontramos. Você trabalha com jornalismo ou apenas estuda?” E eu respondi. Eu era apenas uma estudante. Que se esqueceu de levar o gravador no dia mais importante da carreira jornalística dela até então. E isso foi um alivio para o Alfaiate. Sem um gravador e sem qualquer experiência, ouvi atentamente, anotando uma frase aqui... Outra ali.


Depois de algumas horas ele suspirou e disse “Enfim, você já ouviu tudo que queria e precisava. Para um bom entendedor, meia palavra basta. E pra um jornalista, nem meia é necessária”. A história, na verdade, é curta. É rápida. E é simples. Essas horas, talvez, nem existiram. Talvez não tenham passado de minutos. Entre pausas, goles de uísque e excessivos pigarros, o Alfaiate encerrou a história. Com um olhar triste, porém, mais iluminado do que o ensaiado no começo daquela tarde, ele mordeu o lábio inferior.


A História

Ele não soube me dizer a data. Hoje sei que ele não quis me dizer a data. Talvez para eu não ligar os fatos, estabelecer relações não permitidas. Mas gosto de pensar que ele gostaria de ter me contado tudo. De não ter poupado qualquer detalhe, nome ou data. Mas ele não o fez. Tentei contatá-lo de novo, há alguns dias, mas sem sucesso. Queria, novamente, ouvir dele, a verdade. Mas dessa vez, queria nomes. Datas. Queria detalhes. Mesmo sem essas peculiaridades, vamos lá.


Naquela manhã, o Alfaiate havia perdido a hora. O relógio já marcava 06h37min - 37 minutos a mais que o de costume. Rapidamente, se levantou da cama e em questão de minutos, já estava vestido e tomando café na copa. Café que ele havia coado na noite passada e que agora, não aquecia mais a sua garganta. Ele não deve ter percebido que o café estava gelado, pois em apenas um gole, matou a xícara inteira. Enfiou um pedaço de pão amanhecido na boca e saiu pela porta da frente, desceu as escadas e saiu do prédio. Andou quase 500 metros quando percebeu que havia esquecido sua maleta de alfaiataria, o que dificultaria muito o seu trabalho. Subiu rapidamente as escadas e teria descido em questão de segundos, se não fosse aquela velha porta de madeira que sempre emperrava. (Ele já havia ligado para o marceneiro umas três vezes só naquela semana e nada do moço aparecer). De qualquer maneira, quatro minutos depois, ele estava de volta à rua. Justamente hoje, ele não poderia se atrasar. Hoje o cliente era importante. Em dois anos de serviço com este freguês, ele jamais havia se atrasado no dia da visita. Nem uma vez. E esta seria a primeira.


O Alfaiate já conhecia bem o caminho, conseguiria ir de olhos fechados. Ele havia conquistado a lealdade de todos seus clientes: nunca atrasara uma entrega, jamais cometera qualquer erro em um terno e sempre recebera elogios. Fazia isso há anos e com o passar do tempo, ele conquistou também, a confiança dos clientes. Quando ia à casa de alguém, todos seguiam com seus afazeres como se o Alfaiate já fizesse parte da casa. E o mesmo acontecia nas empresas e nos escritórios. Enquanto tirava a medida de grandes empresários e advogados, eles não se intimidavam com a presença do Alfaiate e continuavam suas reuniões, tomavam decisões e acertavam contratos. Tudo na frente do Alfaiate. Como ele mesmo disse, os alfaiates não ouvem, pensam ou falam. Fazem seu trabalho e partem. Mas naquela manhã, ele ouviu. Ele pensou, mas não falou nada por anos. Seu cliente de hoje era um homem muito importante no meio automobilístico. Ele e seu irmão. Eram figuras de peso. Clientes leais. Como sempre, ele entrava sem muita presunção e já começava a tirar as medidas. Eles eram do tipo de cliente que não se importavam com a presença do Alfaiate, continuavam seus afazeres como se ele nem estivesse lá. Geralmente perguntavam “Você não se importa se nós continuarmos nossa reunião, amigo?” e a resposta era sempre a mesma, “Claro que não. Não estou aqui”. Então, depois da aprovação, eles seguiam com a calorosa discussão. E era sempre a mesma coisa: discutiam diferentes maneiras de aumentar o preço de seus carros. Entre risadas, doses de uísque e charutos, o Alfaiate costurava aqui, media ali... E sempre, duas horas depois, terminava o trabalho e saia pela porta dos fundos, com a promessa de retornar uma semana depois com os ternos prontos. Em exatamente sete dias, lá estava o Alfaiate, com os ternos em mãos. Impecáveis. Tempos depois, ele retornaria à fábrica com uma nova missão: novos ternos para novas ocasiões. E assim, era a relação dos Irmãos-Poderosos com o Alfaiate, que somente anos depois, foi perceber a estranheza que se passava dentro daquele escritório.


Na manhã de hoje, tudo seria igual. Normal. Eles discutiriam maneiras para aumentar ou diminuir os preços dos automóveis, ele seguiria às cegas e tudo ficaria bem. Uma semana depois, lá estaria ele novamente. Eles perguntariam a ele se poderiam seguir com a reunião sem que ele se incomodasse. E é claro que poderiam. E continuavam. Discussões calorosas animavam o ambiente. Como você certamente sabe, a mudança de preço dos automóveis não é tão sensível assim. Principalmente naquela época. A economia precisa “balançar” e quando isso acontece, o preço sobe ou desce. Hoje o que determina uma mudança na economia é diferente de 30 ou 40 ou até 50 anos atrás. Hoje temos o frete, a carga tributaria; 30 ou 40 ou até 50 anos atrás, eles tinham o Luizinho. “Chamem o Luizinho!” – o Alfaiate ouviu muito essa frase durante seus anos de trabalho com o Irmãos-Poderosos. Luizinho era apenas um garoto. Em meio às discussões sobre o valor de seus automóveis, um dos Irmãos mandaria chamá-lo. Minutos depois, um jovem entraria na sala e se sentaria à frente de um dos Irmãos. Uma mesa de vidro com um valor incalculável separaria os dois. E isso virou uma rotina. O Alfaiate já conhecia o menino Luizinho apenas pelo barulho de seu sapato contra o chão. Já conhecia o som de seu caminhar, pois raramente levantava os olhos para encará-lo. Luizinho não ficava mais de 30 minutos dentro do escritório: as reuniões eram sempre muito rápidas. Era como se o Luizinho trouxesse a solução sempre. E uma solução imediata. Era como se ele caísse do céu. Na verdade, quem bolava as soluções eram os próprios Poderosos; Luizinho apenas as colocava em prática. E isso ele fazia muito bem. Sentava-se de costas para o Alfaiate, o que incomodava nosso amigo. Era como se o menino temesse qualquer aproximação, qualquer envolvimento. Mas o Alfaiate fingia não perceber.


“Chamem o Luizinho!” – o jovem entrava e imediatamente se dirigia à mesa. Não falava, apenas encarava o terno a sua frente, pronto para receber ordens. Com um estalo de dedos, um dos seguranças se aproximou com uma maleta de couro surrada. De dentro, sempre saia uma alta quantia de dinheiro. O Alfaiate nunca soube o valor exato e se era sempre o mesmo valor a cada visita do garoto, mas eram muitas notas, muitas pilhas de notas. Era muito dinheiro. E tudo isso era colocado à frente de Luizinho, sobre a mesa de vidro: “Luizinho, você já sabe. Desta vez, quero que você inicie a greve na próxima quarta-feira e encerre três dias depois. Esse valor deve ser o suficiente”. E com isso, Luizinho guardava o dinheiro e saia pela porta. Algum tempo depois, ele estaria de volta. Sentaria à mesa. Combinaria uma nova manifestação, uma nova greve. E sairia com o dinheiro debaixo do braço. Por sua vez, os Irmãos-Poderosos, com o pequeno “balançar” da economia brasileira, mexiam no valor de seus automóveis. É claro que o Alfaiate ouvia e assistia e pensava. É claro que ele sabia que alguma coisa de estranho (e errado) acontecia a cada visita do jovem Luizinho à fabrica de automóveis. Mas não foi até muitos anos depois que ele entendeu o que ele havia presenciado por anos. Do que ele havia sido testemunha durante todas aquelas manhãs. Não foi até muito tempo depois que ele reconheceu o jovem revolucionário. Não foi até muito tempo depois, talvez tarde demais, que ele conseguiu assimilar exatamente em quê o menino Luizinho havia se tornado. E em quem ele havia se tornado.


E como já dizia o Alfaiate, para um bom entendedor, meia palavra basta

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Imagem, Palavra e Sujeito Social

Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. As palavras lhe dão espaço para imaginar, criar e inventar. A imagem lhe dá espaço para interpretar. É interessante agrupar sentimento, textura, cor e opinião em apenas uma figura. As palavras podem descrever, moldar, dar vida e presentear a sua imaginação de possibilidades infinitas. Os olhos nem sempre precisam enxergar para poder ver. Muitos enxergam com a alma e quem lhes dá este poder de visão, são as palavras. Os olhos limitam a capacidade de criação e invenção do sujeito social.

O incrível de uma imagem é que ela jamais representará a mesma coisa para duas pessoas diferentes. Cada ser humano carrega sua bagagem, carrega seu passado e sua parcialidade. O sujeito social molda a sua interpretação de acordo com seus conhecimentos e suas experiências. Nosso caráter e personalidade têm grande peso sobre a maneira como enxergamos e avaliamos uma imagem, uma situação, um texto.

Segundo Michel Foucaut, o que mais nos atrai entre uma figura e um texto, é a figura. A imagem serve como representação de milhares de coisas, e para cada pessoa, a definição é uma. A imagem pode ser enganadora, pois pode mostrar uma realidade falha e muitas vezes, opostas à realidade do sujeito social em questão. O mesmo é moldado de acordo com a sua realidade e aprende a suprir suas necessidades. Por esse motivo, o ser humano encontra em imagens e palavras, complementos para o seu vazio. As interpretações dadas são respostas apaziguadoras que facilitam o nosso entendimento em relação ao mundo e a nossa existência. O significado de uma figura se modifica de acordo com o momento de vida em que o sujeito social se encontra, seu estado emocional e psicológico e até mesmo de experiências recentes. O significado muda invariavelmente. Porém, todas as tentativas de dar significado, interpretação ou vida para algo, são maneiras de nos confortarmos.

No texto “O espectador comum – A imagem como narrativa”, de Alberto Manguel, “imagens são capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos”. Uma imagem tem a capacidade de ativar todos os sentidos de um sujeito social, capaz de ser traduzida em palavras e palavras em texto. Se a imagem for, por exemplo, de um delicioso bolo de chocolate, o sujeito social poderá ser capaz de sentir o gosto, de imaginar sua textura e de sentir o seu cheiro. Automaticamente, ele traduz todas as descrições de sua mente em palavras. Transforma a imagem em texto. O mesmo ocorre em situação oposta: se um sujeito social acompanhar a descrição de um bolo por meio de palavras, sem o auxílio de uma imagem, ele é capaz de criar e visualizar o bolo em sua mente. Obviamente, o bolo descrito está aberto às interpretações e provavelmente, a imagem que o mesmo criou em sua mente, não é a mesma da descrição. Se um segundo sujeito ler a descrição, imaginará um bolo completamente diferente, pois suas referências são outras, sua bagagem é outra.

A imagem e a palavra trabalham juntas por meio de associações e é isso que difere um sujeito social de outro: as coisas com as quais as associações serão estabelecidas, não serão as mesmas. O sujeito social cria suposições de significados. Mas, como traz o texto, “qualquer que seja o caso, as imagens, assim como as palavras, são a matéria de que somos feitos”.



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Trecho do texto no qual este post é baseado: "O espectador comum - A imagem como narrativa" - Alberto Manguel
"Sem dúvida, para o cego, outras formas de percepção, sobretudo por meio do som e do tato, suprem a imagem mental a ser decifrada. Mas, para aqueles que podem ver, a existência se passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos, imagens cujo significado (ou suposição de significado) varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa própria existência. As imagens que formam nosso mundo são símbolos, sinais, mensagens e alegorias. Ou talvez sejam apenas presenças vazias que completamos com o nosso desejo, experiência, questionamento e remorso. Qualquer que seja o caso, as imagens, assim como as palavras, são a matéria de que somos feitos"