quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Como a noite se faz dia

Minha noite de sexta foi um tanto diferente! Após assistir a quase 4 horas do Rockfest que rolou no Credicard Hall com algumas bandas brasileiras, entre elas, Hateen e Fresno e a banda americana, The Ataris, achei que minha noite havia acabado. Suposição completamente plausível, para uma garota nada baladeira, como eu. Mal eu sabia que minha noite estava apenas começando. Luzes acesas, holofotes iluminando a noite escura, carros à toda velocidade na Av. Faria Lima...O posto de gasolina na esquina da Faria Lima com a JK, o "point" como eu gosto de me referir, lotado. Jamais havia visto tantas pessoas aglomeradas naquele postinho. Algumas dançando, outras apenas conversando encostadas nos mais diversos carros, conhecendo, paquerando. Havia pelo menos, cinco representantes de cada tribo "trocando idéia", cada um fazendo o que sabe fazer melhor. Até carro da polícia tinha parado lá. E não era pra encher o saco ou pra fiscalizar, não...Acredito que foram, também, atraídas pela muvuca do "point". Mas ao invés de me juntas à "festinha" mais badalada da Zona Sul, fui me encontrar com uma amiga minha em um bar/balada não muito conhecido em uma das quebradinhas da Rua Tabapuã. Quando finalmente encontrei o tal bar, já havia mudado de idéia e finalmente decidido aonde a noite me levaria, onde minha noite terminaria. Mas calma...façamos um suspense. ...Chegando ao tal bar, liguei para que a minha amiga saísse do bar/balada prq eu não estava a fim de entrar. Na verdade, meu intuito era convencê-la à ir comigo para meu destino final da noite. Não dei muita sorte, pois ela voltou para dentro e eu segui minha longa e divertida jornada pelas ruas de São Paulo.
Enfim, cheguei ao oasis da minha noite...o BINGO! Sim...fui ao bingo. Muitos se enganam ao julgarem o programa, como "de velho". Meus caros, o bingo não só um jogo de extrema coordenação motora como de concentração. É claro que eu não posso negar ser um programa viciante e até enfadonho (após um tempão), porém, é uma aventura. Entrei no Binho Aratãs às 2:45-3:00 com uma sede de jogar absurda. Mas como não posso omitir o grande prq da minha ida ao bingo, digo-lhes: eles servem a melhor sopa de legumes que já comi. Não sabia disso até ontem...infelizmente. Bom, sentei-me em uma das mesas do fundo e logo veio um moço, ainda jovem, me oferecer as cartelas da próxima rodada. Aceitei e os números começaram a ser chamados. Fui marcando..marcando...e logo na primeira rodada, fiquei apenas por um número para ganhar R$600 (era isso? não me lembro bem). Mas não pensem que este é um relato que acabará bem, com uma vitória minha, por exemplo. Como poderia competir e até acreditar que venceria todas as cabecinhas brancas que chegam à comprar cinco séries cada rodada e passam dez horas diárias na casa de jogos? Jamais ganhei no bingo e ontem não poderia ser diferente. Mas é incrível a sensação que estar lá pode lhe causar. A cada cartela, me enchia de esperança e marcava cada número com a certeza de que logo seria eu exclamando "BINGO"!! É claro que nem "linha" eu gritei, mas ainda assim, meu dinheiro voava para fora da carteira. Sabia que não iria ganhar, mas o jogo me consumia de tal forma que nem a sopa eu tomava direito. Números atrás de números eram anunciados e se eu tivesse sorte, conseguia marcar uns dez apenas...Olhava ao meu redor, entre rodadas ou nos momentos em que me dava conta de que não seria naquela rodada que minha voz soaria através do salão, interrompendo aquela tensão que pairava no ar, e via personagens distintos, mas todos com suspense e ansiedade estampados na cara. Homens e mulheres sozinhos, casais, idosos e jovens. Havia de tudo. Misturados, das maneiras mais engraçadas nas dezenas de mesas redondas do salão. A maioria, fumantes. E a maioria, mulheres. E essas duas características me chamaram a atenção. O maior número de bingos acusados, foram de "autoria" feminina e não acredito que tenha sido prq estavam em maioria, mas sim, prq jogavam com mais paixão - eufemismo para vício? Mas, sem críticas. Sou mulher e estava lá, não é? Quanto mais o tempo passava e quanto mais sopa eu tomava , mais certeza eu tinha de que na "próxima rodada" eu ganharia. E continuava não ganhando. Troquei de caneta três vezes, prq cheguei a acreditar que talvez outra me traria mais sorte! Loucura, minha gente, loucura.
Comprei cartela para mais uma rodada - acredito que já era a minha nona- e fui marcando conforme os números eram sorteados. O nervoso à flor da pele, já suando, não sabendo se olhava para a tela para acompanhar o sorteio ou se confiava apenas na minha audição. Até que vi a bolinha 24 aparecer na tela mas não ouvi a mulher falando! E eu tinha o tal número, o que me deixaria apenas com três números faltando! Mas, por sorte, não fui a única que notei e o erro foi corrigido! Passados alguns segundos, estava eu, novamente, por um número apenas, quando gritaram "bingo"! Amassei meu papel e fiquei nervosa, querendo jogar mais e mais prq NA PROXIMA, eu venceria! Mas o bingo não estava correto! Vi, at last, uma luz no final deste túnel tão escuro! O jogador havia marcado um número a mais. Um número que não havia sido sorteado! Recuperei minha cartela, desamassei-a com muito carinho e fixei, mais uma vez, meus olhos na tela. "45"..."27"...e os números iam sendo sorteados...mas nada do meu. E dessa vez foi pra valer: "BINGO", exclamou um senhor do outro lado do salão. Amassei minha cartela mais uma vez e a joguei junto com as outras. Já havia chegado ao limite de quanto gastaria, limite que havia estabelecido antes de começar a jogar. Então, respirei fundo...dei um último gole de água e guardei a caneta. Meu relógio já apontava 4:35 am. Levantei-me sem pressa e caminhei até a saída. Dei mais uma olhada ao inferno e com um sorriso, talvez até forçado, saí pela porta da frente.

Nenhum comentário: