quarta-feira, 6 de maio de 2009

Enquanto isso, no Brasil... O colapso

Que conversa é essa de que a crise internacional é uma simples “marola”, Sr. Presidente? É possível enxergar a olho nu que o Brasil apertou o cinto nessa onda violenta e que bons ventos não irão soprar por enquanto. Para quê teimar nesse jogo de otimismo? Com o mundo correndo o risco de totalizar mais de 50 milhões de vagas de emprego perdidas devido à crise, e com a queda da produção industrial em janeiro, o Ministro da Fazenda ainda garante que nós seremos os primeiros a sair debaixo do rolo compressor.

Num mundo que está tendo que estatizar a economia para sair dessa, o mercado de trabalho está ganhando uma nova cara: o espaço agora é de terceirizados e prestadores de serviços. O que está difícil de entender lá no circo do DF é que brincadeira tem hora e essa não é uma delas. Dizem que otimismo perpétuo é sinal que você não está prestando atenção. Bem-vindo ao Brasil.

Fim de carnaval é começo de ano por aqui. Salgueiro e Mocidade Alegre saíram vitoriosas, assim como Slumdog Millionaire. A nossa übermodel Gisele Bündchen se casou em segredo e a Páscoa vem aí. 2009 começa agora.

E o Brasil já viu de tudo nessa vida, mas ninguém contava – ou acreditava - num retorno tão marcante quanto o do Fenômeno ao futebol brasileiro. O Ronaldo está no Corinthians... Ou melhor, o Corinthians agora é de Ronaldo. Gol de cabeça, alambrado quebrado e cartão amarelo: ele caiu do céu e voltou a brilhar. Sua volta por cima foi emocionante, quase épica. De pé, foi aplaudido até pelos rivais. E assim, ele está de volta.

Mas não foi apenas o Fenômeno do futebol que ressurgiu... Driblando um futuro onde o sol deveria nascer quadrado para o resto de sua vida, o ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, se aproveitou da memória seletiva do cidadão brasileiro e redesenhou sua ascensão política: assumiu o comando da Comissão de Infraestrutura do Senado. Será que finalmente conheceremos os descaminhos do dinheiro público? O silêncio responde.

Tudo muda para ficar igual; os cidadãos continuam com medo do futuro. Mas os políticos vivem aterrorizados com o próprio passado.


Esta crônica foi publicada dia 16 de março, no jornal americano NOSSA GENTE, em sua 24ª edição. Jornal dedicado à comunidade brasileira que reside na Flórida - Estados Unidos. Faço parte do grupo de colaboradores do jornal e assino a coluna ENQUANTO ISSO NO BRASIL. Assim, aos poucos, vou me realizando. As realizações vêm aos poucos...e na medida certa.

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