
O incrível de uma imagem é que ela jamais representará a mesma coisa para duas pessoas diferentes. Cada ser humano carrega sua bagagem, carrega seu passado e sua parcialidade. O sujeito social molda a sua interpretação de acordo com seus conhecimentos e suas experiências. Nosso caráter e personalidade têm grande peso sobre a maneira como enxergamos e avaliamos uma imagem, uma situação, um texto.

No texto “O espectador comum – A imagem como narrativa”, de Alberto Manguel, “imagens são capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos”. Uma imagem tem a capacidade de ativar todos os sentidos de um sujeito social, capaz de ser traduzida em palavras e palavras em texto. Se a imagem for, por exemplo, de um delicioso bolo de chocolate, o sujeito social poderá ser capaz de sentir o gosto, de imaginar sua textura e de sentir o seu cheiro. Automaticamente, ele traduz todas as descrições de sua mente em palavras. Transforma a imagem em texto. O mesmo ocorre em situação oposta: se um sujeito social acompanhar a descrição de um bolo por meio de palavras, sem o auxílio de uma imagem, ele é capaz de criar e visualizar o bolo em sua mente. Obviamente, o bolo descrito está aberto às interpretações e provavelmente, a imagem que o mesmo criou em sua mente, não é a mesma da descrição. Se um segundo sujeito ler a descrição, imaginará um bolo completamente diferente, pois suas referências são outras, sua bagagem é outra.

A imagem e a palavra trabalham juntas por meio de associações e é isso que difere um sujeito social de outro: as coisas com as quais as associações serão estabelecidas, não serão as mesmas. O sujeito social cria suposições de significados. Mas, como traz o texto, “qualquer que seja o caso, as imagens, assim como as palavras, são a matéria de que somos feitos”.
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Trecho do texto no qual este post é baseado: "O espectador comum - A imagem como narrativa" - Alberto Manguel
"Sem dúvida, para o cego, outras formas de percepção, sobretudo por meio do som e do tato, suprem a imagem mental a ser decifrada. Mas, para aqueles que podem ver, a existência se passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos, imagens cujo significado (ou suposição de significado) varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa própria existência. As imagens que formam nosso mundo são símbolos, sinais, mensagens e alegorias. Ou talvez sejam apenas presenças vazias que completamos com o nosso desejo, experiência, questionamento e remorso. Qualquer que seja o caso, as imagens, assim como as palavras, são a matéria de que somos feitos"
2 comentários:
Moça, você tem talento!!!
VAI EM FRENTE, POIS TENS HABILIDADE COM AS PALAVRAS...AS PESSOAS QUE A POSSUEM CONSEGUEM DIFERENCIAR-SE DAS DEMAIS, POIS SE TEM ALGO QUE O SER HUMANO TEM DIFICULDADE É EXPRESSAR EM PALAVRAS AQUILO QUE SUA ALMA SENTE.
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