Post pobre e sem sentido. Na verdade, foi só um desabafo!
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Post pobre e sem sentido. Na verdade, só um desabafo!
Post pobre e sem sentido. Na verdade, foi só um desabafo!
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Tim Festival





sábado, 27 de outubro de 2007
Colaboração da Audrey
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Meus, seus, nossos valores


Continuo a postagem ao meu querido e prudente leitor: Pagar R$ 80 para estar em um ambiente "bem freqüentado" (e deixo claro que isto é relativo) já não parecia tamanho absurdo. Porém, quero que você entenda que R$ 80 reais perto de R$ 740 ainda são R$ 80 (vou ignorar os R$ 900, pois gastar esse valor em uma "balada" já é palhaçada. Por favor, consumir R$ 740 também está fora da realidade, mas tenho que manter algum exemplo). Não quero que você, caro leitor, dê menos importância aos R$ 80, somente por ser tão mais baixo. Enfim, não vou usar o velho argumento de que não se devem gastar quase mil reais em tamanha futilidade enquanto o nosso país padece na miséria – isto, todos sabem. Vou discutir valores. Na verdade, vou questionar e perguntar a você: aonde foram os valores? Primeiramente, quem gasta tudo isso em uma "balada", rico não é. E isso, eu lhe garanto. Certamente, é um "novo rico". Alguém que não sabe o valor do dinheiro e a dificuldade que é mantê-lo. Porque conseguir, convenhamos: qualquer um consegue. Manter é outra história. Para quem não sabe, dinheiro não aceita desaforo e dinheiro não nasce em árvore – isto pode ficar cansativo, porém repito: valores. Quem quer impressionar, quem quer fazer parte de um novo grupo, no qual na verdade não pertence, gasta mesmo. E gasta com um sorriso no rosto. Gasta com orgulho de ter desembolsado quase três salários mínimos. E é aí que vemos a diferença de apego, vemos como o “importante” para um é diferente do “importante” para o outro. Como que uma pessoa pode ser tão burra a ponto de se humilhar desta maneira? Humilhar, sim! Como minha amiga disse em seu post, pagar o valor cobrado nestas casas noturnas é denominar-se um idiota. Pagar R$ 15 em uma cerveja enquanto uma caixa (da mais cara) no supermercado (do mais caro) não passa dos mesmos R$ 15, é burrice. Beira a ignorância. Acreditem, já estive nesta boate onde minha amiga presenciou tal absurdo social e nunca mais voltei (valores pessoais). Ir de vez em quando, dar-se ao luxo de vez em quando, não tem problema algum. Não julgo, mesmo porque, gosto de freqüentar locais que "estão na moda". Agora eu gostaria de saber somente uma coisa: quantas pessoas, das que estão lá, pagam a conta com o próprio dinheiro? Gostaria de perguntar à jovem que gastou R$ 740 ou à jovem que gastou R$ 900, de onde veio o dinheiro delas? Do próprio bolso? Da própria conta? Na maioria dos casos, dou-lhe a certeza que o dinheiro vem dos pais. O que é bem pior: além de não terem a mínima noção financeira, não respeitam o dinheiro da própria família e nem ao menos sustentam a própria futilidade. São adolescentes (pois não ouso nem me referir a eles como adultos) sem a mínima responsabilidade. Adolescentes mal-acostumados que têm a inteligência gozada cada vez que desembolsam valores horrendos com um sorriso no rosto. Acredito que se a situação fosse inversa, se o dinheiro pertencesse a elas e outra pessoa o tivesse esbanjando, não seria tão engraçado assim. (Você vai dizer que cada um gasta o seu dinheiro como bem entende. Se a pessoa tem mil reais para gastar em energético, em garrafa de uísque e camarote, por que não gastar? Novamente: uma questão de valores). Mas como gosto de dizer, a culpa não é da fonte. A culpa é de quem bebe dela. Ou seja, não devemos julgar e condenar essas boates que exploram seus clientes; devemos condenar quem paga para ser extorquido dessa maneira. O exemplo que gosto de usar é o seguinte: devemos atribuir o problema do tráfico de drogas aos traficantes? Não. Deveríamos atribuir tal violência aos consumidores. Quem fuma um baseadinho, cheira cocaína ou qualquer outra coisa que esse pessoal usa para chamar a atenção, são os verdadeiros culpados pelo tráfico. Eles financiam a maior violência deste país – e do mundo. Pode encher a boca e me chamar de careta ou do que for mais conveniente. É a mais pura verdade. Então, a conclusão que chego é a seguinte: o motivo pelo qual essas baladas cobram o valor que cobram é simples: tem quem pague. Famosa lei da oferta e da demanda. Mas até aí, estamos tratando apenas de valores. Penso que, talvez, os meus estejam invertidos. Prefiro acreditar que não. Mas, quem sabe? Não quero que meus filhos financiem o tráfico, não quero que os meus filhos gastem o sustento de uma família inteira em caipirinhas, em energéticos ou em lugares caros somente para se sentirem aceitos. É pedir demais? Porque, na verdade, minha grande indagação, a maior das minhas perguntas e talvez, a verdadeira charada dos tempos de hoje é: o que faz um jovem tão infeliz a ponto de recorrer às drogas, às futilidades, ao álcool, ao crime? O que possivelmente poderia estar tão errado na vida de um jovem? Salvo as raras exceções, não há resposta. Jovens mimados, mal-acostumados. Jovens vazios que se sentem vitimados por uma infelicidade que eles nem ao menos conhecem – apenas acreditam que sim. Eu não conheço a infelicidade e espero que você também não. Digo que o mundo é infeliz - ou acredita ser. Posso estar errada. Devo estar errada. Mas tudo isso é uma questão de valores. Quais são os seus?
Agradeço a minha grande amiga Melissa Castagnari – a inspiração deste post. Ela, geralmente, me fornece a coragem para enfrentar e questionar. E desta vez, de publicar. Obrigada.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Retorno bom

Com a devida licença de Manguel, sou o mais comum dos seus espectadores. Um espectador que, com todos os realces permitidos, capturou não a sua imagem, mas você, como um todo, pelos chamados outros sentidos. A captura se deu pela intensidade coerente de seu texto. Nele está a sua essência de ser humano, de jornalista. Ou seja, e já atropelando Foucaut, o que me atraiu não foi a imagem que desconheço – e tampouco construí alguma – mas o texto em que mergulhei.
Roubando-lhe parte do que está em seu blog, as interpretações que dei ao seu texto são as respostas apaziguadoras que buscava para facilitar o meu entendimento em relação ao mundo e à minha própria existência. Por maiores que foram as críticas que colecionei ao longo dos anos, sabia que só não estava nessa empreitada. Suas palavras ampliaram o infinito das possibilidades que povoam meu pensamento. É como sujeito social, olhando e enxergando com a alma, que, calcado em um coquetel de experiências e aprendizados, consigo vislumbrar o que até ontem foi um pesadelo, mas a partir de hoje tornou-se um sonho possível. Encontrar alguém que me sucedesse nessa insana e patriótica batalha de mudar o País através de um jornalismo sério e independente. E esse “alguém”, se Deus permitir, é você. Até porque, como se mágica fosse, aprendi a admirá-la"
Ucho Haddad
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Mailbox


Edição Especial - O Alfaiate

Naquela manhã, o Alfaiate havia perdido a hora. O relógio já marcava 06h37min - 37 minutos a mais que o de costume. Rapidamente, se levantou da cama e em questão de minutos, já estava vestido e tomando café na copa. Café que ele havia coado na noite passada e que agora, não aquecia mais a sua garganta. Ele não deve ter percebido que o café estava gelado, pois em apenas um gole, matou a xícara inteira. Enfiou um pedaço de pão amanhecido na boca e saiu pela porta da frente, desceu as escadas e saiu do prédio. Andou quase 500 metros quando percebeu que havia esquecido sua maleta de alfaiataria, o que dificultaria muito o seu trabalho. Subiu rapidamente as escadas e teria descido em questão de segundos, se não fosse aquela velha porta de madeira que sempre emperrava. (Ele já havia ligado para o marceneiro umas três vezes só naquela semana e nada do moço aparecer). De qualquer maneira, quatro minutos depois, ele estava de volta à rua. Justamente hoje, ele não poderia se atrasar. Hoje o cliente era importante. Em dois anos de serviço com este freguês, ele jamais havia se atrasado no dia da visita. Nem uma vez. E esta seria a primeira.
O Alfaiate já conhecia bem o caminho, conseguiria ir de olhos fechados. Ele havia conquistado a lealdade de todos seus clientes: nunca atrasara uma entrega, jamais cometera qualquer erro em um terno e sempre recebera elogios. Fazia isso há anos e com o passar do tempo, ele conquistou também, a confiança dos clientes. Quando ia à casa de alguém, todos seguiam com seus afazeres como se o Alfaiate já fizesse parte da casa. E o mesmo acontecia nas empresas e nos escritórios. Enquanto tirava a medida de grandes empresários e advogados, eles não se intimidavam com a presença do Alfaiate e continuavam suas reuniões, tomavam decisões e acertavam contratos. Tudo na frente do Alfaiate. Como ele mesmo disse, os alfaiates não ouvem, pensam ou falam. Fazem seu trabalho e partem. Mas naquela manhã, ele ouviu. Ele pensou, mas não falou nada por anos. Seu cliente de hoje era um homem muito importante no meio automobilístico. Ele e seu irmão. Eram figuras de peso. Clientes leais. Como sempre, ele entrava sem muita presunção e já começava a tirar as medidas. Eles eram do tipo de cliente que não se importavam com a presença do Alfaiate, continuavam seus afazeres como se ele nem estivesse lá. Geralmente perguntavam “Você não se importa se nós continuarmos nossa reunião, amigo?” e a resposta era sempre a mesma, “Claro que não. Não estou aqui”. Então, depois da aprovação, eles seguiam com a calorosa discussão. E era sempre a mesma coisa: discutiam diferentes maneiras de aumentar o preço de seus carros. Entre risadas, doses de uísque e charutos, o Alfaiate costurava aqui, media ali... E sempre, duas horas depois, terminava o trabalho e saia pela porta dos fundos, com a promessa de retornar uma semana depois com os ternos prontos. Em exatamente sete dias, lá estava o Alfaiate, com os ternos em mãos. Impecáveis. Tempos depois, ele retornaria à fábrica com uma nova missão: novos ternos para novas ocasiões. E assim, era a relação dos Irmãos-Poderosos com o Alfaiate, que somente anos depois, foi perceber a estranheza que se passava dentro daquele escritório.
Na manhã de hoje, tudo seria igual. Normal. Eles discutiriam maneiras para aumentar ou diminuir os preços dos automóveis, ele seguiria às cegas e tudo ficaria bem. Uma semana depois, lá estaria ele novamente. Eles perguntariam a ele se poderiam seguir com a reunião sem que ele se incomodasse. E é claro que poderiam. E continuavam. Discussões calorosas animavam o ambiente. Como você certamente sabe, a mudança de preço dos automóveis não é tão sensível assim. Principalmente naquela época. A economia precisa “balançar” e quando isso acontece, o preço sobe ou desce. Hoje o que determina uma mudança na economia é diferente de 30 ou 40 ou até 50 anos atrás. Hoje temos o frete, a carga tributaria; 30 ou 40 ou até 50 anos atrás, eles tinham o Luizinho. “Chamem o Luizinho!” – o Alfaiate ouviu muito essa frase durante seus anos de trabalho com o Irmãos-Poderosos. Luizinho era apenas um garoto. Em meio às discussões sobre o valor de seus automóveis, um dos Irmãos mandaria chamá-lo. Minutos depois, um jovem entraria na sala e se sentaria à frente de um dos Irmãos. Uma mesa de vidro com um valor incalculável separaria os dois. E isso virou uma rotina. O Alfaiate já conhecia o menino Luizinho apenas pelo barulho de seu sapato contra o chão. Já conhecia o som de seu caminhar, pois raramente levantava os olhos para encará-lo. Luizinho não ficava mais de 30 minutos dentro do escritório: as reuniões eram sempre muito rápidas. Era como se o Luizinho trouxesse a solução sempre. E uma solução imediata. Era como se ele caísse do céu. Na verdade, quem bolava as soluções eram os próprios Poderosos; Luizinho apenas as colocava em prática. E isso ele fazia muito bem. Sentava-se de costas para o Alfaiate, o que incomodava nosso amigo. Era como se o menino temesse qualquer aproximação, qualquer envolvimento. Mas o Alfaiate fingia não perceber.
“Chamem o Luizinho!” – o jovem entrava e imediatamente se dirigia à mesa. Não falava, apenas encarava o terno a sua frente, pronto para receber ordens. Com um estalo de dedos, um dos seguranças se aproximou com uma maleta de couro surrada. De dentro, sempre saia uma alta quantia de dinheiro. O Alfaiate nunca soube o valor exato e se era sempre o mesmo valor a cada visita do garoto, mas eram muitas notas, muitas pilhas de notas. Era muito dinheiro. E tudo isso era colocado à frente de Luizinho, sobre a mesa de vidro: “Luizinho, você já sabe. Desta vez, quero que você inicie a greve na próxima quarta-feira e encerre três dias depois. Esse valor deve ser o suficiente”. E com isso, Luizinho guardava o dinheiro e saia pela porta. Algum tempo depois, ele estaria de volta. Sentaria à mesa. Combinaria uma nova manifestação, uma nova greve. E sairia com o dinheiro debaixo do braço. Por sua vez, os Irmãos-Poderosos, com o pequeno “balançar” da economia brasileira, mexiam no valor de seus automóveis. É claro que o Alfaiate ouvia e assistia e pensava. É claro que ele sabia que alguma coisa de estranho (e errado) acontecia a cada visita do jovem Luizinho à fabrica de automóveis. Mas não foi até muitos anos depois que ele entendeu o que ele havia presenciado por anos. Do que ele havia sido testemunha durante todas aquelas manhãs. Não foi até muito tempo depois que ele reconheceu o jovem revolucionário. Não foi até muito tempo depois, talvez tarde demais, que ele conseguiu assimilar exatamente em quê o menino Luizinho havia se tornado. E em quem ele havia se tornado.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Imagem, Palavra e Sujeito Social


No texto “O espectador comum – A imagem como narrativa”, de Alberto Manguel, “imagens são capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos”. Uma imagem tem a capacidade de ativar todos os sentidos de um sujeito social, capaz de ser traduzida em palavras e palavras em texto. Se a imagem for, por exemplo, de um delicioso bolo de chocolate, o sujeito social poderá ser capaz de sentir o gosto, de imaginar sua textura e de sentir o seu cheiro. Automaticamente, ele traduz todas as descrições de sua mente em palavras. Transforma a imagem em texto. O mesmo ocorre em situação oposta: se um sujeito social acompanhar a descrição de um bolo por meio de palavras, sem o auxílio de uma imagem, ele é capaz de criar e visualizar o bolo em sua mente. Obviamente, o bolo descrito está aberto às interpretações e provavelmente, a imagem que o mesmo criou em sua mente, não é a mesma da descrição. Se um segundo sujeito ler a descrição, imaginará um bolo completamente diferente, pois suas referências são outras, sua bagagem é outra.

A imagem e a palavra trabalham juntas por meio de associações e é isso que difere um sujeito social de outro: as coisas com as quais as associações serão estabelecidas, não serão as mesmas. O sujeito social cria suposições de significados. Mas, como traz o texto, “qualquer que seja o caso, as imagens, assim como as palavras, são a matéria de que somos feitos”.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Enquanto isso no meu mundinho... Férias é a solução!

05h – Horário que bato meu cartão. Pois é, bato cartão. Como disciplinar dezena

06h – Começa o programa no qual participo aqui na Rádio. A partir daqui, a hora voa. Quando vejo, são 08h. Mas vamos voltar um pouco: por volta de 06h30 faço minha primeira entrada ao vivo. Geralmente (sempre) escolho o microfone que fico ao lado direito da mesa do apresentador, um amigo querido. Me acostumei com o microfone. Fico de frente para a janela e de lado para o operador. Ajeito o microfone e depois de aquecer a voz, dou bom dia ao meu qu

08h – 11h – Neste período faço parte da produção de dois programas, leio

11h05 – 12h45 – Este período resume-se em academia, banho e almoço (quando dá pra almoçar). Se almoçar direito, saio da empresa às 13h10, o que invade o horário da faculdade. Mas é a vida, sem tempo.
13h – 18h25 – Faculdade. Hmm. Ando pensando bastante sobre a faculdade. Na verdade, ando um pouco desestimulada. Gosto das pessoas, aliás, existem pessoas ali que são muito queridas para mim. Porém, muitas não entendem o conceito amizade. Como explicar isto sem


18h30 – 19h20 – Trânsito. No further comments.
19h25 – 21h00 – Passo tempo com meus gatos e família. Estudo, caso consiga. Leio até me dar sono. Tomo banho. E durmo.
É disso que estou falando. Esta falta de tempo. Esta falta de espaço. Falta de brecha. Quero ligar para os que não falo há tempos, visitar os que não vejo há tempos (e geralmente são os mesmos). Quero ler todos os livros que compro, quero fazer hidratação no meu cabelo, ir à manicure, ir ao shopping, ao cinema, ao teatro, à padaria, ao supermercado, jantar fora, ver minhas primas, meu pai, minhas avós. Quero viajar. Quero relaxar. Quero fazer a massagem mensal que tenho direito na minha academia. Quero passar uma tarde sem fazer nada. Quero assistir a filmes d

sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Sorvete que te quero
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Enquanto isso no Brasil... O que dizer?


Não preciso de muito
Bolha de quê?

E saiba a diferença.
"Coloque-se por inteiro"
Resolvi postar as palavras de uma pessoa que admiro e respeito. Alguém que sabe o que, como e quando falar. Alguém que sabe o que preciso ouvir. Enfim, está aqui:
“Coloque-se por inteiro. Em tudo. Não espere acertar. O grande significado é doar-se. Doação. Entrega total. Incondicional. Quem se entrega por inteiro não precisa de prova e nem precisa provar nada pra ninguém. Só erra quem arrisca, quem tenta e quem faz. Eu erro, você não? Tenho limites, você não? Nada nos faz sentir mais completo do que a certeza do amor”
Auto
Desculpem-me: Precisava dizer tudo isso. Pra mim mesma.
Enquanto isso no Brasil... Socorro!
O mundo vai indo. Pra onde, eu não sei. Cada vez menos conseguimos enxergar ou entender o caminho que estamos percorrendo. Sem destino certo. Enquanto isso, no Brasil... A nova moda é matar! Promotores, estagiários, cães pit bull e porteiros entraram nessa onda! Eles atacam novamente! Mais uma vítima. Até quando vamos noticiar essa barbárie? Omissão. Descaso. Com tanta coisa acontecendo no mundo, quem acaba em cana é dono de casa de luxo! Vê se pode? E ele ainda lança a campanha “Free Maroni”! Avião derrapa, bala se perde, leite sobe e a Imprefeitura de São Paulo se preocupa com Bahamas? Afinal, nenhum lugar está livre dos furacões: seja o Dean, Erin, Félix, Mensalão ou Oscar.
E o Vaticano entrou em crise! Suicídio no Vaticano? Nem sabia que era permitido! Existe pior lugar pra matar ou morrer? E olha que não foi o primeiro caso! Enquanto morrem no Vaticano, tem chumbo em brinquedo de criança! Recall de produtos Barbie! Ninguém escapa! Nem o Corinthians escapou! Batida no Timão! CPI do futebol! E sujou em campo também... Agora é esperar pra ver! Ou é cana ou é gol!
Crises! Crises! Crises! Crise na Saúde, crise imobiliária, crise aérea. Não cansa? Daqui a pouco inventam alguma nova. Crise pit bull. Só se fala nisso. De repente virou moda! Pit bull ataca mais que dengue. Alguém já ouviu falar em adestramento? O mundo é cão... E adivinhe onde é o canil? Mas não vamos confundir! Apesar dos pesares, o Brasil é maravilhoso. Maravilhas espalhadas pelos quatro cantos. Ah! Sabe quem apareceu? O Chefe! Resolveu dar as caras! E agora como garoto propaganda do caju! Vamos expandir o uso da fruta na nossa cozinha! Tudo vai acabar em pizza! De caju!
Por não estarem distraídos
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. Clarice Lispector